IPCA
0,83 Abr.2024
Topo

Pesquisa inicial que levou ao império da Taser International pode ter apresentado resultados exagerados

20/09/2017 15h13

SCOTTSDALE, Estados Unidos (Reuters) - A Taser International convenceu departamentos de polícia a comprar suas armas eletrificadas promovendo pesquisas internas que atestaram a segurança dos dispositivos. Mas as afirmações da Taser sobre os primeiros estudos foram exageradas, descobriu uma análise da Reuters.

Nos materiais de marketing lançados no início da década passada, a Taser descreveu sua pesquisa inicial como usando uma abordagem comparável ao que a Administração de Alimentos e Medicamentos norte-americana (FDA, na sigla em inglês) exige. Mas a FDA não regula armas.

Além disso, a Reuters soube que a pesquisa inicial de Taser - começando com um porco, cinco cães e alguns voluntários policiais voluntários - não chegou ao nível de rigor da agência.

A Taser, que recentemente mudou de nome para Axon Enterprise, disse que suas armas são a opção "mais estudada" para substituir o uso da força. A empresa afirma que foi totalmente transparente sobre sua pesquisa.

A carta introdutória do fundador Rick Smith em 2000 disse à polícia que a arma tinha sido submetida a testes comparáveis ao que a FDA exige. Os testes da empresa não tiveram o rigor dos estudos aprovados pela agência, dizem cientistas. Os humanos que testaram o produto eram potenciais compradores. Não foram adotadas medidas fisiológicas. Em demonstrações de vendas, policiais se voluntariaram - às vezes por uma cerveja grátis - a receber o choque. Alguns testes foram feitos nas garagens dos empregados.

À medida que as indicações de risco cardíaco surgiram em seus próprios estudos, a Taser demorou meses ou anos para divulgar detalhes e emitir avisos relevantes. Por exemplo, a companhia esperou uma década para divulgar que um cachorro sofreu um problema no coração potencialmente fatal durante um dos testes iniciais.

Hoje, Taser diz que existe um pequeno risco "teórico" de que suas armas possam representar risco cardíaco em "aproximadamente 1 de cada 2 ou 3 milhões de usos". Um painel independente no Canadá concluiu em 2013 que ainda não haviam evidências suficientes para determinar o verdadeiro risco das armas.

(Por Lisa Girion)