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BC reduz estimativas para inflação em 2017 e 2018, vê IPCA ao redor da meta em 2019 e 2020

21/09/2017 10h17

Por Marcela Ayres

BRASÍLIA (Reuters) - O Banco Central passou a ver a inflação ainda mais abaixo do centro da meta em 2017 e 2018 e rumando em torno dos alvos perseguidos para 2019 a 2020, cálculos que pavimentam o caminho para que continue cortando os juros e eventualmente leve a Selic a um nível inferior a 7 por cento.

No Relatório Trimestral de Inflação divulgado nesta quinta-feira, o BC estimou alta do IPCA de 3,2 por cento em 2017 e de 4,3 por cento em 2018 pelo cenário de mercado, abaixo dos patamares de 3,3 e 4,4 por cento vistos no comunicado da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), no início deste mês.

Neste ano e no próximo, a meta de inflação é de 4,5 por cento, com margem de tolerância de 1,5 ponto para mais ou para menos.

"As previsões condicionais de inflação do Banco Central foram muito favoráveis e consistentes com o cumprimento das metas de inflação até 2020", escreveu o economista do Goldman Sachs Alberto Ramos, vendo consonância com uma Selic de 7 por cento ao fim do ciclo de distensão, com ligeira normalização até 8 por cento em 2019.

"Se o dólar permanecer bem ancorado por volta de 3,10 reais ou se desvalorizar, o BC teria algum espaço para terminar o ciclo com a Selic abaixo de 7 por cento, e/ou levar mais tempo para normalizar a taxa de 7 para 8 por cento, ou elevar a Selic em 2019 em menos de 1 ponto esperado atualmente pelo mercado", acrescentou.

Para 2019, o BC calculou inflação de 4,2 por cento, contra meta oficial de 4,25 por cento, enxergando o IPCA em 4,1 por cento em 2020, para o qual o alvo fixado pelo governo é de 4,0 por cento. Nos dois casos, a banda de tolerância das metas também é de 1,5 ponto percentual.

As contas também consideraram o cenário de mercado apurado pela pesquisa Focus mais recente, que aponta a Selic em 7 por cento ao fim de 2017 e 2018, e em 8 por cento ao fim de 2019 e 2020.

De modo geral, o relatório corroborou mensagem já divulgada mais cedo neste mês, quando o BC cortou a taxa básica de juros em 1 ponto percentual, a 8,25 por cento ao ano, e indicou que vê como adequada uma redução moderada na magnitude de corte nos juros básicos na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), em outubro.

No documento desta terça-feira, o BC também repetiu a intenção de encerrar o ciclo de afrouxamento da Selic de maneira gradual.

Para o economista-chefe da SulAmérica Investimentos, Newton Rosa, os cálculos feitos pela autoridade monetária aumentam a chance dos juros básicos encerrarem o ciclo de afrouxamento num nível mais baixo, de 6,5 por cento.

"Eu acho que ele apenas reforça a expectativa que tem espaço para continuar reduzindo a taxa Selic. Pelo menos pelas nossas primeiras avaliações terminar em 7 por cento (neste ano) e, em função de um quadro de que a inflação pode fechar este ano até abaixo dos 3 por cento, eu acho que a queda no ciclo de corte pode adentrar 2018", afirmou.

Na avaliação do economista-sênior do Banco Haitong, Flavio Serrano, as projeções do BC apontam para uma flexibilização confortável da Selic para perto de 7 por cento, patamar que, diante do cenário favorável da inflação, poderia ser mantido por mais tempo.

"Selic terminal ainda está em 7 por cento. Mas eventualmente iria abaixo disso", acrescentou.

Nesta quinta-feira, o IBGE divulgou que nos 12 meses até setembro, o IPCA-15, considerado uma prévia da inflação oficial, ficou em 2,56 por cento, abaixo da expectativa de mercado e do piso da meta de inflação para este ano. [nL2N1M20OI]

O BC pontuou no relatório que o valor mínimo da inflação acumulada em 12 meses será atingido no terceiro trimestre deste ano, em boa medida por uma sequência de choques de alimentos com efeitos favoráveis.

ATIVIDADE MAIS FORTE

No relatório, o BC também melhorou sua expectativa para o Produto Interno Bruto (PIB) neste ano a 0,7 por cento, contra 0,5 por cento antes, e estimou uma alta de 2,2 por cento para a atividade no ano que vem.

Em outra frente, o BC reiterou que a conjuntura econômica prescreve política monetária estimulativa, ou seja, com taxas de juros abaixo da taxa estrutural.

(Reportagem adicional de Claudia Violante; Edição de Camila Moreira)