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Cemig busca acordo com governo para tirar usina Miranda de leilão, diz deputado

25/09/2017 18h05

Por Luciano Costa

SÃO PAULO (Reuters) - A elétrica mineira Cemigvai propor à União um acordo para evitar perder a concessão de ao menos uma de suas quatro hidrelétricas que o governo federal pretende licitar na quarta-feira, devido ao vencimento do contrato para exploração dos ativos pela empresa.

O deputado federal Fábio Ramalho (PMDB-MG) disse à Reuters que a Cemig vai oferecer à União o pagamento de 1,1 bilhão de reais para tirar do leilão a hidrelétrica de Miranda, com 408 megawatts em capacidade.

O governo federal já agendou o leilão da concessão das quatro usinas e quer arrecadar 11 bilhões de reais com a cobrança de bônus junto aos vencedores, mas a Cemig vem buscando um acordo em negociações com políticos e na Justiça para evitar perder todas as hidrelétricas.

A companhia anunciou mais cedo nesta segunda-feira que irá realizar no próximo mês uma assembleia de acionistas para decidir sobre um aumento de capital de até 1 bilhão de reais, via emissão de novas ações.

"Isso é para pagar pela usina", disse o deputado à Reuters.

Procurada, a Cemig não comentou de imediato as declarações do parlamentar.

Segundo Ramalho, a Cemig ainda poderá vender ações da transmissora de energia Taesa, onde é sócia dos colombianos da ISA, para levantar os recursos necessários ao acordo.

Ele disse que, além disso, a Cemig ainda tem negociado com o Citibank a obtenção de recursos para pagar mais 1,9 bilhão de reais e tirar do leilão também a usina de Jaguara, de 424 megawatts.

O parlamentar disse que a expectativa é que a proposta de acordo com a União seja homologada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) na terça-feira.

Na semana passada, o ministro Dias Toffoli, do STF, concedeu liminar que suspendeu uma decisão anterior, do Tribunal de Contas da União (TCU), que queria paralisar as negociações por um acordo entre a Cemig e a União.

ALIANÇA COM VALE

Líder da bancada mineira no Congresso Nacional, o deputado Fábio Ramalho disse que a Cemig já fechou um acordo com a Vale para que as empresas disputem em conjunto algumas das concessões, por meio da Aliança Energia, uma joint venture entre a elétrica e a mineradora.

"Se a Cemig não conseguir a carta de crédito, ela vai entrar no leilão de Miranda e Volta Grande com a Aliança", disse ele.

As usina de Jaguara, Miranda, Volta Grande e São Simão somam 2,9 gigawatts em capacidade e representam quase 50 por cento da capacidade de geração da Cemig.

Na semana passada, o diretor de Recursos Humanos e Sustentabilidade da Vale, Clovis Torres, havia dito que a empresa pode disputar o leilão das hidrelétricas por meio da Aliança ou individualmente.

Procurada, a Vale disse que pode participar do leilão das usinas ou mesmo do acordo em negociação entre a Cemig e o governo federal, "desde que respeitado o foco estratégico" da companhia, que é redução de custos por meio da autossuficiência energética.

"Porém, isso ainda está sendo estudado e não há qualquer decisão a respeito", concluiu a mineradora, em nota.