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Protecionismo agrícola na Europa ameaça acordo com Mercosul

29/09/2017 09h20

BRASÍLIA (Reuters) - Países da União Europeia (UE) liderados por França e Irlanda propuseram adiar uma oferta de comércio agrícola ao Mercosul até que as regras sejam acordadas para se evitar uma concorrência desleal, disseram diplomatas na quinta-feira, criando um potencial obstáculo para o acordo.

Em uma carta à Comissão Europeia, os países disseram ser particularmente vulneráveis às importações de etanol, açúcar e carnes bovina e de frango do Mercosul, e afirmaram que uma oferta da UE relacionada a cotas de importação seria "inoportuna" até que um "campo de jogo nivelado" possa ser alcançado.

A oferta agrícola da UE deveria ser entregue na próxima semana durante negociações em Brasília. A resolução das diferenças em relação à agricultura é crucial se os dois lados quiserem chegar a um acordo político até o fim do ano, que é o objetivo do Mercosul.

A carta que pede o adiamento da oferta, vista pela Reuters, foi assinada por Áustria, Bélgica, França, Hungria, Irlanda, Lituânia, Luxemburgo, Romênia, Polônia, Eslováquia e Eslovênia.

Uma carta em resposta que pressiona a UE a fazer uma oferta agrícola na próxima semana foi assinada na quinta-feira por Alemanha, Itália, Reino Unido, Dinamarca, Suécia, Espanha, Portugal e República Tcheca, disse um diplomata europeu em Brasília.

"A última parte das negociações será difícil", disse, sob condição de anonimato.

Outro diplomata europeu afirmou que as negociações, que se prolongam há 18 anos, estão em uma etapa crucial.

"Se o acordo não for feito agora, com base onde estão Argentina, Brasil e Europa politicamente, talvez nunca seja feito", disse o diplomata.

Rodadas anteriores de negociações deixaram de discutir as importações de carne, açúcar e etanol do Mercosul, mas Brasil e Argentina não assinariam nenhum acordo caso esses itens não estivessem incluídos.

O governo argentino advertiu que não haveria nenhum acordo este ano se a oferta agrícola da UE não for divulgada.

(Por Anthony Boadle, em Brasília, e Caroline Stauffer e Maximiliano Rizzi, em Buenos Aires)