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Fibria vê demanda robusta por celulose, reduzirá produção em Aracruz em 2018

24/10/2017 13h56

SÃO PAULO (Reuters) - A produtora de celulose Fibria está vendo a demanda pela matéria-prima do papel como robusta nos próximos meses e planeja reduzir sua capacidade na fábrica de Aracruz (ES) em 200 mil toneladas em 2018, diante de fatores que incluem custo de madeira, afirmou o presidente da maior produtora de celulose de eucalipto do mundo, Marcelo Castelli, nesta terça-feira.

A companhia está projetando uma produção de celulose em Aracruz de 2,1 milhões de toneladas em 2018 ante nível regular de produção de 2,3 milhões, disse Castelli em teleconferência com jornalistas.

"Fizemos ajuste de capacidade para o quarto trimestre (deste ano) na Aracruz de 85 mil toneladas em função de custo de madeira mais alto... Queremos anunciar que para 2018 vamos retirar equivalente a 200 mil toneladas de capacidade de produção de Aracruz pelo mesmo motivo", afirmou o executivo.

Sobre a nova linha de produção em Mato Grosso do Sul, conhecida como Horizonte 2, a projeção de produção em 2018 segue sendo de 1,755 milhão de toneladas, mas a tendência "é ser maior que isso", disse o executivo. Para este ano, a estimativa de produção da linha foi revista de 377 mil para 477 mil toneladas e a de vendas elevada de 300 mil para 370 mil toneladas.

Mais cedo, a Fibria divulgou que teve lucro líquido de 743 milhões de reais no terceiro trimestre, ante resultado positivo de 32 milhões no mesmo período do ano passado, apoiada em aumento de produção, preços maiores e resultado financeiro positivo.

As ações da companhia lideravam as altas no Ibovespa avançando 4,5 por cento por volta das 13:50, enquanto o índice tinha valorização de 1,15 por cento.

Analistas elogiaram os resultados da empresa, com o JPMorgan escrevendo em relatório que o custo caixa de produção da Fibria no terceiro trimestre caiu 2,2 por cento sobre um ano antes e 7,6 por cento no comparativo trimestral e ficaram 6 por cento abaixo da previsão dos analistas da casa.

"O ponto positivo principal do trimestre foi a forte queda sequencial no custo médio que foi guiada por uma distância menor de aquisição de madeira e melhores preços de venda de energia", disse o JPMorgan em relatório.

Segundo o diretor comercial da Fibria, Henri Philippe Van Keer, o mercado global de celulose está trabalhando sem estoque e os clientes também estão desestocados o que tem favorecido reajustes de preços uma vez que a demanda por celulose segue robusta.

O cenário é influenciado por reduções de capacidade de fabricantes rivais da Fibria, como CMPC, no sul do Brasil, e APP, na Ásia, por conta de paradas para manutenção ao longo deste ano. Segundo Keer, essa situação de relação oferta e demanda bastante ajustada deve persistir pelo menos até o curso do primeiro semestre do próximo ano.

"A gente está bem otimista sobre preço (de celulose) nos próximos meses. A tendência é subir mais", disse o diretor comercial da Fibria. "A demanda está muito boa, na China também continua muito boa, não tem estoques e também não tem de produtos acabados. Os clientes não estão reclamando sobre a alta de preços", acrescentou o executivo.

"A demanda nos Estados Unidos e Europa está boa também. A economia da Europa está mostrando sinais positivos pela primeira vez em 10 anos e o euro está ajudando a minimizar os aumentos (de preços de celulose) em dólares", disse Keer.

Sobre o panorama de consolidação da indústria, Castelli afirmou que a preferência da Fibria é por movimentos de fusões com troca de ações e realizadas dentro da área de atuação da companhia no Brasil ou América Latina.

"A empresa (Fibria) está forte e preparada para rodada de aquisição se isso acontecer... Mas mesmo com posição super robusta de caixa as consolidações possíveis partem principalmente de uma troca de ações", disse Castelli. "Não imaginamos que vamos comprar alguém... Agora ninguém tem tamanho suficiente e caixa suficiente para fazer aquisição", acrescentou.

A Fibria terminou o terceiro trimestre com 6,8 bilhões de reais em caixa e uma relação dívida líquida sobre Ebitda de 3,24 vezes ante 2,33 vezes um ano antes.

Analistas do Credit Suisse estimaram que com o início da produção de Horizonte 2 e fim dos pesados investimentos da empresa no projeto a alavancagem da Fibria vai cair para 2,4 vezes ao final do próximo ano ante limite definido pela empresa de 3,5 vezes.

(Por Alberto Alerigi Jr.)