IPCA
0,83 Abr.2024
Topo

Padilha admite que eleição de 2018 pode contaminar votação de reforma da Previdência

O ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha - Danilo Verpa/Folhapress
O ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha Imagem: Danilo Verpa/Folhapress

Por Lisandra Paraguassu

26/10/2017 13h38

BRASÍLIA (Reuters) - O ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, admitiu nesta quinta-feira (26) que a proximidade das eleições de 2018 atrapalha a possibilidade de votação da reforma da Previdência e encurta o calendário do governo, mas garantiu que há condições de votar as propostas ainda este ano.

"A aproximação da eleição faz com que sempre os votos, as posições políticas comecem a ser contagiadas. O parlamentar que busca a reeleição, ele sempre vai meditar. A proximidade com a eleição vai dificultando medidas que sejam mais custosas do ponto de vista popular? Vai dificultando sim", afirmou.

Padilha confirmou que o governo perdeu votos na quarta-feira (25), durante a apreciação da denúncia contra o presidente Michel Temer, já por causa do possível impacto nas eleições de 2018. Segundo ele, alguns deputados chegaram a dizer que gostariam de votar com o governo, mas não teriam condições pelo impacto na sua base política de um voto a favor de Temer.

O governo conseguiu 251 votos --o suficiente para arquivar a segunda denúncia contra Temer, mas nem perto dos 308 necessários para aprovar uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC), como a reforma da Previdência.

Padilha, no entanto, insistiu que a base de apoio ao governo é de 390 votos e o resultado de quarta-feira não representa quem votaria pela reforma.

A segunda denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República contra Temer, pelos crimes de organização criminosa e obstrução da Justiça, também imputa o crime de organização criminosa ao próprio Padilha e a Moreira Franco, ministro da Secretaria-Geral.

"Não podemos dizer que os mesmos votos da rejeição da denúncia são os votos da Previdência. Eu cito exemplo da bancada do PSDB. São coisas diferentes", afirmou o ministro.

Bancada do PSDB

Os tucanos, apesar de serem parte da base do governo e terem nas mãos quatro ministérios, deram mais votos contrários a Temer do que a favor: 23 a 20, com três ausências. Na primeira denúncia, 21 votaram contra o governo e 22 a favor. No entanto, o partido diz apoiar majoritariamente a reforma da Previdência.

Padilha defendeu que a perda de 12 votos em relação à primeira denúncia não foi uma derrota, mas estava dentro do previsto.

"Quem vota contra o governo votou. Se juntarmos aos 251 as 25 ausências, nós vamos ter 276. Foi absolutamente normal, não surpreendeu, compreendemos as razões daqueles que se ausentaram. Quem marcou presença e não votou são pessoas que não quiseram votar contra o governo", defendeu.

Na primeira denúncia, o governo teve 263 votos a favor e 19 ausências, o que soma 282 --uma diferença de 19 votos para o placar de quarta-feira.

Mercado preocupado

Os mercados financeiros reagiram com ceticismo à vitória de Temer, com temores maiores de que não haverá apoio político para tirar a reforma da Previdência do papel tão cedo.

Padilha, no entanto, afirmou que o governo pode sim garantir a aprovação da reforma. "O que eu tenho a dizer é que há todas as condições de se aprovar. Existe hoje uma consciência de todo o Parlamento da necessidade da reforma", afirmou.

"Essa não é uma questão de base, a reforma não é feita em favor do governo. Temos que pensar pelo Brasil, não estamos pensando nesse governo."

Padilha confirmou, ainda, que o governo irá reunir os líderes da base e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), para definir o que será possível votar. Segundo o ministro, o fundamental continua sendo a idade mínima, transição e a igualdade das aposentadorias do setor público ao privado.

Qual o perfil dos aposentados atualmente?

UOL Notícias