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Dólar amplia queda sobre real com correção e Fed, mas temor com agenda econômica continua

27/10/2017 12h59

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar ampliou a queda nesta sexta-feira, após subir e bater o patamar de 3,30 reais, com movimento de correção e algum alívio nos temores de mais altas de juros nos Estados Unidos diante da sucessão no Federal Reserve, banco central do país.

No entanto, permanecia o ceticismo do mercado sobre a capacidade do governo Michel Temer de dar continuidade à agenda econômica, em especial a reforma da Previdência, no Congresso Nacional.

Às 12:56, o dólar tinha queda de 0,51 por cento, a 3,2680 reais na venda, depois de bater 3,3034 reais na máxima do dia e 3,2635 reais na mínima. O dólar futuro era negociado com baixa de cerca de 0,65 por cento.

"A notícia de que Powell lidera na preferência de Trump... ameniza o humor dos investidores", afirmou o operador da Advanced Corretora, Alessandro Faganello.

A Bloomberg News noticiou, citando três fontes não identificadas, que o presidente Donald Trump estaria inclinado a indicar o diretor do Fed Jerome Powell como próximo chair do Fed, no lugar de Janet Yellen, cujo mandato acaba em fevereiro.

Powell tem perfil menos conservador do que o economista da Universidade de Stanford John Taylor, que também faz parte da lista de Trump e chegou a ser apontado como seu favorito, alimentando temores de que o Fed poderia elevar os juros mais do que o esperado pelos analistas. Trump já disse que deve fazer sua escolha nos próximos dias.

Taxas mais elevadas nos EUA tendem a atrair para a maior economia do mundo recursos aplicados hoje em outros mercados ao redor do mundo, o que pode resultar em fluxo de saída de capitais do Brasil.

O dólar avançava cerca de 0,30 por cento contra uma cesta de moedas, mas passou a cair frente a algumas divisas de países emergentes, como o peso mexicano.

Segundo operadores, também houve fluxo de entrada de investidores estrangeiros no meio da manhã, aproveitando as altas cotações dos últimos dias, o que acabou ajudando no movimento de correção.

Ainda assim, a cautela predominava depois que a Câmara dos Deputados rejeitou a segunda denúncia contra Temer na quarta-feira, mas o placar abaixo do esperado pelo governo indicou que o Planalto deve encontrar dificuldades para tocar sua agenda.

Líderes ouvidos pela Reuters admitem que o governo vai ter que redimensionar o tamanho da base e renegociar a agenda a ser votada. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, defendeu enxugar a reforma previdenciária em tramitação e tentar restringi-la quanto à adoção da idade mínima para a aposentadoria.

"Não vemos melhora no cenário da reforma (da Previdência). Por isso, o lado fiscal preocupa muito", afirmou o operador do Banco Paulista, Alberto Felix.

Desde meados de julho, a moeda norte-americana vinha sendo negociada basicamente numa banda entre 3,15 e 3,20 reais. Mas, entre o último dia 19 e a véspera, ela saltou 3,78 por cento, já com ceticismo sobre a cena política.

(Por Thaís Freitas)