Acordo comercial Transpacífico avança sem os Estados Unidos
Por Kiyoshi Takenaka e Mai Nguyen
DANANG, Vietnã (Reuters) - Países do acordo comercial Parceria do Transpacífico (TPP, na sigla em inglês) concordaram com os elementos centrais para ir adiante sem os Estados Unidos, disseram autoridades neste sábado, após uma resistência de última hora do Canadá ter levantado dúvidas sobre a sobrevivência do acordo.
Levar o acordo adiante é um impulso para o princípio de pactos de comércio multilaterais após o presidente norte-americano Donald Trump abandonar o TPP mais cedo no ano, a favor da política "America First", que ele acredita que salvará empregos nos EUA.
As negociações - geralmente acaloradas - têm ocorrido nas margens do summit Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (Apec, na sigla em inglês) no resort vietnamita de Danang, onde Trump e outros líderes fazem sua principal reunião neste sábado.
"Nós superamos a parte mais difícil", disse o ministro do Comércio do Vietnã, Tran Tuan Anh, em coletiva de imprensa.
O acordo, que ainda precisa ser finalizado, pode agora ser chamado de Acordo Compreensivo e Progressivo para a Parceria Transpacífico (CPTPP, na sigla em inglês), disse ele.
O ministro da Economia japonês, Toshimitsu Motegi, disse esperar que avançar com o acordo pode ser um passo em direção a trazer os Estados Unidos de volta.
Parcialmente para conter a dominância crescente da China na Ásia, o Japão tem feito lobby pelo pacto TPP, que visa eliminar tarifas sobre produtos industriais e agrícolas no bloco de 11 países, cujo comércio somou 356 bilhões de dólares em 2016.
Cerca de 20 disposições do acordo original foram suspensas. Elas incluem algumas relacionadas à proteção de direitos trabalhistas e do meio ambiente, ainda que a maioria fosse relacionada à propriedade intelectual - um dos principais pontos de aderência após a retirada dos EUA.
"O impacto geral na maioria das empresas é bem modesto", disse Deborah Elms, do instituto de pesquisa Asian Trade Centre, acrescentando que a nova versão era "essencialmente idêntica ao documento original".
Qualquer tipo de acordo parecia duvidoso na sexta-feira, quando uma reunião entre os líderes do TPP foi cancelada após o não comparecimento do primeiro-ministro canadense Justin Trudeau. O ministro do Comércio canadense culpou mais tarde a ausência de Trudeau a um "mal entendido sobre o calendário".
O Canadá, que tem a segunda maior economia dos países do TPP após o Japão, afirmou querer garantir um acordo que protegesse empregos.
A posição do Canadá ficou ainda mais complicada pelo fato de estar simultaneamente renegociando o Acordo de Livre Comércio da América do Norte (Nafta) com a administração Trump.
As negociações do Nafta com os Estados Unidos não estão afetando a posição do Canadá nas negociações do TPP, disse ele.
Em discurso em Danang, Trump enviou uma forte mensagem de que estava interessado apenas em acordos bilaterais na Ásia que não colocassem os Estados Unidos em desvantagem.
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