Venezuela deixa de pagar dívida de US$ 262,5 mi e Brasil deve ir a Clube de Paris
BRASÍLIA (Reuters) - A Venezuela deixou de pagar uma dívida com o Brasil de US$ 262,5 milhões e o governo brasileiro deve ir ao Clube de Paris contra o país vizinho, confirmaram à agência de notícias Reuters fontes governamentais.
O atraso de mais de dois meses, dentro do chamado Convênio de Créditos Recíprocos, uma câmara de compensação entre países da América do Sul, já é considerado um calote pelo governo brasileiro. Uma carta foi enviada à embaixada venezuelana no Brasil avisando da possibilidade de o país levar o caso ao Clube de Paris, ao qual aderiu formalmente em 2016.
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O papel do Clube é justamente tratar da dívida dos países. "O Brasil pretende usar essa estrutura para tratar da cobrança", disse uma das fontes.
Apesar de o valor não ser alto, o fato de a Venezuela não ter conseguido honrar suas dívidas dentro do mecanismo de compensação é um péssimo sinal para o governo de Nicolás Maduro.
No CCR, a compensação é multilateral. Países que têm a pagar fazem os depósitos e as retiradas duas a três vezes por ano. O CCR é uma garantia de pagamento, já que aquilo que um país tem a receber é depositado e usado para pagar as dívidas com os demais.
Em informação enviada à Reuters por email, o Brasil deveria ter recebido US$ 334,5 milhões. "Tais valores eram compostos pela soma dos saldos bilaterais do Brasil perante todos os demais países da CCR. Tendo em conta o ocorrido com a Venezuela, os valores a serem recebidos pelo Brasil foram recalculados", explicou o BC.
No final, o Brasil recebeu apenas US$ 72 milhões, dos demais países.
Por ser teoricamente uma garantia de pagamento, o CCR ainda permitia a Venezuela comprar produtos, especialmente alimentos e medicamentos, dos países vizinhos. O não pagamento pelo CCR pode piorar ainda mais a situação venezuelana, que já não tem crédito direto em nenhum país.
Dívida de US$ 5 bilhões
Cálculos feitos pelo governo brasileiro e por empresas apontam para uma dívida de US$ 5 bilhões entre o governo Maduro e empresas brasileiras. A situação perdura há mais de dois anos, sem solução, e empresas brasileiras só têm aceitado exportar para a Venezuela com pagamento adiantado.
No primeiro semestre deste ano, o governo brasileiro anunciou que tentaria enviar uma missão de negociação a Caracas para tratar das dívidas, mas até hoje não teve sucesso.
(Reportagem adicional de Marcela Ayres)
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