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A empresários, Temer cobra "esforço concentrado" para aprovar reforma da Previdência este ano

12/12/2017 20h37

Por Ricardo Brito

BRASÍLIA (Reuters) - O presidente Michel Temer cobrou na noite desta terça-feira, em reunião com mais de 150 representantes de setores empresariais do país no Palácio do Planalto, um "esforço concentrado" deles para pressionar os deputados a aprovar a reforma da Previdência ainda este ano.

Temer pediu aos presentes que apresentem, nas conversas e contatos com os parlamentares, a "importância" de a matéria passar na Câmara.

"A hora é agora, temos que aprovar este ano e é por isso que estamos para aprovar neste mês", defendeu Temer, ao destacar que não há "melhor momento" do que agora para apreciar a matéria.

O presidente afirmou que não considera uma derrota se a proposta não for aprovada este ano, por avaliar que a proposta vai continuar na pauta de votações. Ele reforçou o que disse mais cedo de que não vai ter candidato a presidente e a outros cargos eletivos que não terão sua posição sobre Previdência questionada na campanha.

"Queremos que aconteça agora para tirar essa discussão da frente", reforçou o presidente, que mais cedo havia admitido, em duas declarações, a possibilidade de a proposta ficar para 2018, mas frisando que vai trabalhar para garantir os 308 votos necessários para ela passar agora.

Mais cedo, Temer havia dito que o governo vai trabalhar até terça-feira para garantir os votos necessários para aprovar a reforma da Previdência no plenário da Câmara. Se não conseguir, fica para 2018. A discussão da matéria vai começar a partir da quinta-feira, conforme foi marcado pelo presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ).

Após o evento do fim da tarde no Planalto, o relator da reforma, deputado Arthur Oliveira Maia (PPS-BA), disse que o sentimento majoritário é de deixar a votação para o ano que vem.

"Hoje julgo que majoritariamente há condições de deixar para o ano que vem", disse Oliveira Maia a jornalistas. "A gente sente hoje muita gente defendendo esta tese."

Temer disse ser "legítimo" a preocupação dos parlamentares com um eventual prejuízo na eleição do próximo ano em razão da votação da proposta. Contudo, ele argumentou que o novo texto da reforma tem uma "suavidade extraordinária" e citou estudo feito pela consultoria do Senado que mostra que a maioria dos deputados que votaram a favor da reforma feita no governo Fernando Henrique Cardoso, em 1998 elegeu-se.

Após pontuar as mudanças feitas ao texto, como a retirada de alterações em relação aos trabalhadores rurais e a equiparação das aposentadorias do serviço público com a iniciativa privada, o presidente afirmou que o único argumento para quem é contra a reforma é manter "privilégios". Ele disse que o atual sistema viola o princípio da igualdade dos cidadãos.

Temer destacou que é possível que a economia sinta os efeitos negativos da não votação ou rejeição da reforma, com a eventual redução da criação de postos de trabalho. Afirmou ainda que a medida visa "salvar" Estados e municípios que não conseguem subsistir diante das dificuldades de manter em dia o pagamento dos seus sistemas previdenciários.

CONFIANÇA

Na linha da fala do presidente, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, disse que o momento é "crucial" e "decisivo" para aprovar a proposta. Ele avaliou que a votação da matéria tem por objetivo manter o retorno da confiança na economia do país, que começou a voltar após a série de reformas que o governo aprovou.

Meirelles repetiu que países que não fizeram a reforma, como a Grécia, tiveram de cortar benefícios previdenciários. O líder do governo na Câmara, Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), e o presidente da Confederação Nacional da Indústria, Robson Andrade, também fizeram defesas enfáticas da aprovação da matéria.