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Política monetária não deve reagir diretamente a choques de preços, diz Ilan

12/12/2017 14h17

SÃO PAULO (Reuters) - O presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, afirmou nesta terça-feira que a inflação mais baixa neste ano em relação à meta oficial veio em decorrência do choque deflacionário nos preços dos alimentos e que a política monetária não deve reagir diretamente a isso.

"Os bons princípios da condução da política monetária recomendam não reagir diretamente a esse tipo de choque (positivo ou negativo), mas apenas aos seus efeitos sobre o resto dos preços, evitando a propagação do choque na inflação", afirmou ele durante evento em São Paulo.

Pela manhã, foi divulgada a ata da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) da semana passada, pela qual o BC ressaltou que os preços administrados, afetados pelas tarifas de energia elétrica que "têm constituído um choque inflacionário", estavam sendo compensados pela queda nos preços dos alimentos.

"Com a perspectiva de redução de preços da ordem de 5 por cento no ano, o componente de alimentação no domicílio medido pelo IPCA explica grande parte do desvio da inflação em relação à meta de 4,5 por cento vigente para o ano corrente", trouxe o texto.

Pesquisa Focus mais recente do BC, que ouve semanalmente uma centena de economistas, mostrou que a estimativa deste ano é que a inflação ficará abaixo da meta, o que deixa o caminho aberto para juros menores.

No evento, Ilan repetiu o texto da ata ao ressaltar a importância da reforma da Previdência na condução da política monetária e que, para a próxima reunião do Copom, em fevereiro, vê como adequada nova e moderada redução da Selic, movimento que será decidido com "cautela".

O atual ciclo começou em outubro de 2016, quando a Selic foi reduzida em 0,25 ponto percentual, a 14 por cento ao ano. Na semana passada, o BC cortou a Selic para a mínima histórica de 7 por cento ao ano.

Ilan também fez uma ressalva ao afirmar que, "para a frente, é preciso notar que nem tudo permanecerá favorável para sempre. O cenário internacional encontra-se benigno, mas não podemos contar com essa situação perpetuamente".

O presidente do BC destacou ainda a agenda BC+ para 2018, como ações que envolvem a criação de depósitos voluntários e simplificação dos compulsórios e avaliação estrutural dos seus níveis.

(Reportagem de Iuri Dantas)