Leilão de linhas de energia atrai quase R$ 9 bi com venda de todos os lotes
SÃO PAULO, 15 Dez (Reuters) - O leilão de concessões para a construção e operação de linhas de transmissão de energia elétrica no Brasil atraiu nesta sexta-feira (15) investimentos de quase R$ 9 bilhões, de empresas que arremataram todos os 11 empreendimentos ofertados, o que não acontecia em uma licitação do gênero no país desde 2014.
Ao todo, participaram 47 agentes, incluindo investidores estrangeiros como a indiana Sterlite Power Grid, que protagonizaram disputas acirradas e resultaram em deságio médio de 40,46% em relação às receitas máximas dos projetos, segundo a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica).
Engie Brasil Energia, da francesa Engie, que entrou no segmento de transmissão com o leilão, também se destacou na licitação, assim como a Neoenergia, que ganhou um projeto que exigirá aportes de R$ 1,35 bilhão.
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Apesar dos grandes investimentos --em um leilão marcado pela ausência da gigante chinesa State Grid-- as companhias apresentaram lances com fortes deságios, o que também tende a reduzir os retornos aos investidores.
Ganha o leilão o investidor que aceitar receber a menor receita, o que implica custos menores para os consumidores no futuro, quando as linhas forem entregues --a Aneel estimou uma economia de R$ 15,578 bilhões.
Algumas disputas precisaram ser decididas no chamado leilão viva-voz, acionado quando o deságio oferecido pelo primeiro colocado não supera em 5% o do segundo ou de outros agentes.
"Dos 11 lotes, seis foram fechados no viva-voz", disse o secretário de Energia Elétrica do Ministério de Minas e Energia, Fábio Alves, em entrevista a jornalista após o leilão.
Para especialistas, as boas condições de retorno e o baixo risco envolvido nos negócios de transmissão de eletricidade no Brasil têm atraído muitos investidores.
O apetite é explicado em parte por melhorias na remuneração e no desenho dos contratos oferecidos nos leilões promovidos pelo governo brasileiro para a concessão de novas linhas de transmissão --uma situação que difere de certames realizados há alguns anos; só a partir de 2016 eles voltaram a apresentar maior interesse.
Vencedores
De modo geral, houve uma pulverização entre os vencedores, mas a indiana Sterlite Power Grid e a Neoenergia foram as que se destacaram.
A Sterlite, que chegou ao Brasil neste ano, arrematou o terceiro lote do leilão com 35,72% de deságio e receita anual ofertada de R$ 313,1 milhões para linhas de transmissão no Pará e Tocantins. Os investimentos previstos são de R$ 2,78 bilhões, os maiores do certame.
Com a vitória, a empresa reforça sua presença no Brasil após ter surpreendido o mercado ao estrear em um leilão de concessões para novas linhas de energia realizado pelo governo em abril, quando arrematou dois lotes.
Já a Neoenergia levou os lotes 4 e 6, com projetos nos estados de Bahia, Piauí, Tocantins, Ceará e Paraíba, que demandarão investimentos de quase R$ 2 bilhões. A companhia foi a vencedora em número de empreendimentos conquistados.
Paralelamente, o Consórcio Engie Brasil Transmissão venceu o primeiro lote com a oferta de 34,80% de deságio. O investimento previsto, que prevê a construção de linhas no Paraná, é de R$ 2 bilhões, o segundo maior do leilão.
"Esse leilão marca a entrada da Engie Brasil Energia no setor de transmissão de energia no Brasil como uma nova linha de negócios, complementar a nosso portfólio atual de geração", afirmou o diretor-presidente da empresa, Eduardo Sattamini, em nota.
"Arrematamos lote localizado em Estado no qual já atuamos, o que deve gerar sinergias operacionais. Esse é mais um passo da companhia na busca de geração de valor aos nossos acionistas", complementou.
O lote 2, de linhas para o escoamento de energia do Piauí e Ceará, foi arrematado pela Celeo Redes Brasil, controlada pela espanhola Elecnor ENOR.MC, com oferta de 53,21% de deságio. O investimento previsto para o lote é de R$ 1 bilhão.
O deságio oferecido pela Celeo só foi superado pelo da Cesbe Participações, que levou o lote 5 com desconto de 53,94% para projetos de R$ 194 milhões no Rio Grande do Norte.
Por fim, ficaram com apenas um empreendimento a Construtora Quebec (lote 7), o Consórcio Linha Verde (lote 8), a EEN Energia e Participações (lote 9), o Consórcio BR Energia/Enind Energia (lote 10) e Montago Construtora (lote 11).
Todos os 11 projetos somam 4,9 mil quilômetros de novas linhas a serem construídas e operadas pelos 10 grupos vencedores.
As instalações deverão entrar em operação comercial no prazo de 36 a 60 meses a partir da data de assinatura dos contratos de concessão, o que deve ocorrer em março de 2018.
(Por José Roberto Gomes; Edição de Roberto Samora)
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