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Acordo da Petrobras nos EUA ficou melhor que o esperado, dizem analistas

Marta Nogueira

03/01/2018 13h30

RIO DE JANEIRO (Reuters) - O acordo anunciado pela Petrobras para encerrar a ação coletiva movida por investidores nos Estados Unidos foi melhor do que o esperado para a empresa, disseram analistas nesta quarta-feira (3).

Ainda pendente da aprovação da Justiça norte-americana, o acordo prevê o pagamento de US$ 2,95 bilhões para o encerramento da chamada "Class Action", mas analistas estimavam a possibilidade de a empresa ter que pagar de US$ 5 bilhões a US$ 10 bilhões em um possível acordo.

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A ação coletiva foi movida por investidores que buscavam recuperar alegadas perdas com ações da empresa após o escândalo bilionário de corrupção que envolveu contratos da estatal com empresas de engenharia, além de políticos de diversos partidos.

"A expectativa do mercado era de uma variação muito ampla, mas que tinha números tão grandes como 5-10 bilhões de dólares. Essa sempre foi uma estimativa muito difícil de ser construída e uma fonte de incerteza. Então a solução parece boa", disse nota do BTG Pactual a clientes, após a publicação do acordo.

Além disso, analistas destacaram que a eliminação das incertezas a partir do acordo é positiva para a empresa.

A corretora Coinvalores afirmou a clientes que, se o acordo for aprovado pela Justiça, eliminará o risco de o processo ir a julgamento, no qual a penalidade poderia ser mais agressiva.

A agência de classificação de risco Moody's afirmou que a posição de liquidez da Petrobras é adequada e o pagamento do valor acordado da ação coletiva não é uma preocupação relevante.

"Em 2018, a empresa deve gerar cerca de US$ 30 bilhões em caixa operacional e as despesas de capital devem ser de cerca de US$ 15 bilhões, disse a Moody's, em uma nota por e-mail.

A Moody's ressaltou também que o risco de refinanciamento da Petrobras é mais baixo desde há alguns anos, após esforços bem-sucedidos da empresa e com a recuperação do acesso ao mercado de capitais desde maio de 2016.

Por outro lado, a Petrobras explicou que o valor acordado impactará o resultado do quarto trimestre de 2017.

Lucro

Uma fonte com conhecimento da situação disse à Reuters que o impacto reduz as chances de um esperado lucro anual em 2017. Dessa forma, a empresa que não registra lucro no resultado do ano desde 2013 ficaria mais um período sem pagar dividendos.

A possibilidade de mais um ano sem pagamento de dividendos também já está no radar dos analistas de mercado.

"É importante ressaltar que a liquidação de US$ 2,95 bilhões será reconhecida nos resultados do quatro trimestre de 2017, afetando possíveis pagamentos de dividendos", afirmaram os analistas do Banco J.P. Morgan Rodolfo Angele e Felipe Dos Santos, em relatório a clientes.

Às 13:27, a ação preferencial da empresa operava praticamente estável, enquanto a ordinária subia 0,80%.

(com reportagem adicional de Flávia Bohone)