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Hidrelétricas podem ter em 2018 melhor período de chuvas em anos, diz CCEE

16/01/2018 17h20

Por Luciano Costa

SÃO PAULO (Reuters) - Chuvas favoráveis vistas desde dezembro na região das hidrelétricas brasileiras devem continuar até abril, o que pode levar o país a ter em 2018 o melhor período úmido em termos de recuperação dos reservatórios hídricos em anos, disse à Reuters um especialista da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCCE) nesta terça-feira.

Se confirmada a projeção mais otimista, as contas de luz podem atravessar ao menos o primeiro trimestre sem cobranças adicionais das chamadas bandeiras tarifárias, que geram custos extras para os consumidores quando a oferta de energia é mais restrita devido à falta de água nas hidrelétricas.

O gerente de Preços da CCEE, Rodrigo Sacchi, disse que nesse ritmo os reservatórios do país podem fechar abril com cerca de 60 por cento da capacidade, um nível considerado "confortável", mesmo após tocarem em novembro do ano passado o menor nível em 20 anos.

"A tendência é que, dada essa melhora hidrológica, a gente consiga atingir ao final do período úmido níveis médios de armazenamento satisfatórios... melhores que nos últimos anos", afirmou Sacchi.

A região Sudeste, que concentra a maior parte dos reservatórios, deve receber em janeiro chuvas em 105 por cento da média histórica, que cairiam levemente em fevereiro e março para 96 por cento da média, segundo projeções da CCEE. Em abril as precipitações devem ser de 95 por cento da média.

"Isso realmente configura um período úmido bastante favorável, próximo da média histórica na região Sudeste, diferente do que vinha acontecendo nos últimos anos", adicionou Sacchi.

A última vez em que as chuvas na região das hidrelétricas do Sudeste ficaram nesse nível foi em 2013, quando alcançaram 96 por cento da média histórica entre janeiro e abril, segundo dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS).

A própria CCEE havia estimado anteriormente que as chuvas entre o final de 2017 e abril de 2018 ficariam abaixo da média histórica, um cenário que começou a mudar na reta final do ano passado.

O cenário mais otimista da CCEE vai na linha de projeções de especialistas de mercado publicadas pela Reuters no início de janeiro.

A hidrologia favorável ainda deve fazer com que as hidrelétricas produzam no primeiro trimestre acima de suas garantias físicas, que é o montante de eletricidade que elas podem vender no mercado, disse Sacchi.

Com isso, não haveria o chamado déficit de geração hidrelétrica no período, um problema que vem sendo registrado no país desde 2014 devido às baixas precipitações na região das usinas.

Esse cenário manteria as contas de luz em bandeira tarifária verde, já acionada em janeiro, que não gera cobranças adicionais para os consumidores.

Isso porque uma metodologia aprovada pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) no final do ano passado prevê bandeira verde nas tarifas sempre que não houver déficit hidrelétrico, uma situação conhecida no setor como produção de "energia secundária".

"A tendência é termos secundária nos primeiros meses do ano (1° trimestre), mas ainda não temos esses números fechados", disse Sacchi.

A CCEE terá projeções concretas sobre o déficit hídrico dos próximos meses até o início de fevereiro, quando os operadores de hidrelétricas saberão os resultados da chamada "sazonalização"-- processo em que eles distribuem a garantia física de suas usinas ao longo dos meses do ano.

As hidrelétricas respondem por cerca de 60 por cento da capacidade de geração do Brasil, segundo dados da Aneel.