IPCA
0,83 Abr.2024
Topo

Petrobras revê política de preços do gás de cozinha para suavizar impactos aos consumidores

Luciano Costa

18/01/2018 09h59Atualizada em 24/01/2018 16h08

SÃO PAULO, 18 Jan (Reuters) - A Petrobras anunciou nesta quinta-feira uma revisão da sua política de preços de GLP (Gás Liquefeito de Petróleo) em botijões de até 13 kg às distribuidoras, após uma disparada de suas cotações em quase 70% desde junho passado.

Ao anunciar a revisão, a empresa informou já uma queda de 5% do valor do chamado gás de cozinha a partir de sexta-feira.

A decisão foi definida pelo presidente da petroleira, Pedro Parente, como "estritamente empresarial", embora tenha explicado que a principal motivação foi suavisar repasses de reajustes no mercado internacional aos consumidores finais.

A nova metodologia continuará a ter como referência o preço do butano e propano comercializado no mercado europeu, acrescido de margem de 5%, disse Parente, a jornalistas, o que vai garantir que a empresa não terá prejuízo na venda do produto, segundo ele.

Os reajustes de preços, no entanto, passarão a ser trimestrais, em vez de mensais, com vigência no dia 5 do início de cada trimestre, e a apuração das cotações internacionais e do câmbio será pela média dos 12 meses anteriores, e não mais pela variação mensal.

O que você faz para driblar a crise?

Resultado parcial

Total de 25022 votos
13,27%
5,23%
55,91%
18,56%
7,03%

Além disso, as elevações de preços superiores a 10% terão que ser autorizadas pelo Grupo Executivo de Mercado e Preços da Petrobras, formado pelo presidente da companhia, Pedro Parente, e os diretores Financeiro e de Refino e Gás Natural.

Também será criado um mecanismo de compensação que permitirá comparar os preços praticados segundo a nova política e os preços que seriam praticados de acordo com a metodologia anterior, segundo a empresa.

"Foi uma decisão estritamente empresarial, porque essa volatilidade causava impactos, como por exemplo, o uso de substitutos ao gás, inclusive com um certo risco (ao consumidor)", disse Parente, em uma coletiva de imprensa para explicar a nova política de preços.

O executivo destacou que "preocupa o risco de substitutos (ao gás) que possam causar riscos à integridade física dos consumidores" e também a própria concorrência com outros produtos.

Mercado

As declarações ocorrem em meio a uma gestão da Petrobras que tem tentado mostrar firme independência do governo federal para praticar preços e buscar rentabilidade, com bastante aprovação de analistas de mercado e investidores.

Diante de uma maior independência, a empresa tem reajustado preços de gasolina e diesel quase diariamente seguindo a lógica de mercado internacional, apesar de uma alta relevante da cotação do barril de petróleo e também de impostos, e buscou um maior alinhamento do preço do gás ao exterior.

A própria alta acumulada expressiva do valor do gás de cozinha de quase 70% desde junho ocorreu após a companhia alterar suas práticas para a precificação do produto visando justamente deixá-los mais alinhados ao mercado internacional. 

Parente negou que a alteração da política anunciada nesta quinta-feira estaria relacionada à resolução 4/2005 do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), que determina que o gás de cozinha deverá seguir preços diferenciados e inferiores aos praticados para outras embalagens, vendidos para os seguimentos industrial e comercial.

Além disso, afirmou que não há nenhuma conversa entre governo e Petrobras sobre uma possível alteração da política do CNPE.

Referência internacional

"Nós não enxergamos que haja subsídio ao preço do GLP13, certamente há a prática de uma margem inferior como é o comando da regulação do CNPE... enquanto estamos praticando preços referenciados a uma referência internacional, mais uma margem, não temos aqui essa hipótese", afirmou o executivo.

Para a implementação da nova política, a Petrobras aprovou uma regra de transição para 2018 que na prática reduzirá o preço do produto nas refinarias em 5% a partir de sexta-feira.

Parente ressaltou que, como a lei brasileira garante liberdade de preços no mercado de combustíveis e derivados, suas revisões podem ou não se refletir no preço final ao consumidor, o que dependerá dos repasses feitos por distribuidoras e revendedores.

(Reportagem adicional de José Roberto Gomes; Edição de Maria Pia Palermo)