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Dólar despenca mais de 1,5% e vai abaixo de R$3,20 com aposta maior do mercado em condenação de Lula

24/01/2018 11h43

Por Claudia Violante

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar despencava mais de 1,5 por cento, indo abaixo de 3,20 reais nesta quarta-feira, com os investidores apostando mais pesado na possibilidade de manutenção da condenação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em segunda instância, o que poderia o colocar mais longe da corrida presidencial deste ano.

O bom humor no mercado externo também ajudava no movimento, com a moeda norte-americana atingindo as mínimas de três anos sobre uma cesta de divisas.

Às 11:41, o dólar recuava 1,58 por cento, a 3,1870 reais na venda, depois de cair a 3,1800 reais na mínima da sessão. Na véspera, a moeda norte-americana havia subido 0,90 por cento, num movimento de cautela à espera do julgamento. O dólar futuro cedia cerca de 1,60 por cento.

"O discurso do relator pela condenação dá esperança de que os outros (desembargadores) vão acompanhar e, com isso, o mercado está perdendo o medo", disse o sócio da Criteria Investimentos Vitor Miziara.

O desembargador João Gebran Neto, relator do recurso de Lula em segunda instância, já rejeitou todas as preliminares apresentadas pela defesa do ex-presidente e afirmou que denúncia era clara ao afirmar que o "apelante aceitou promessa de vantagens indevidas". O relator ainda estava lendo seu voto.

O julgamento do recurso do ex-presidente contra a condenação a 9 anos e 6 meses de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro no caso envolvendo um apartamento tríplex no Guarujá, litoral de São Paulo, começou de manhã.

Lula, que já anunciou a intenção de ser novamente candidato à Presidência da República em outubro e lidera as pesquisas de intenção de voto, pode ficar inelegível se tiver a condenação confirmada.

Há diversos recursos jurídicos que o petista, visto pelos mercados financeiros como menos comprometido com ajustes fiscais, pode adotar se o seu recurso foi rejeitado agora.

Especialistas ouvidos pela Reuters entendem que os mercados financeiros já haviam precificado uma derrota de Lula agora, e o suficiente para o tornar inelegível. Poderia haver ajustes caso a decisão colocasse mais obstáculos aos possíveis recursos jurídicos que Lula poderia adotar.

Nesta sessão, o comportamento do dólar no exterior também ajudava na queda no mercado local. A moeda norte-americana recuava ante uma cesta de moedas, para as mínimas de três anos, devido a preocupações sobre a agenda protecionista norte-americana e após o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Steven Mnuchin, dizer que via com bons olhos a fraqueza da moeda norte-americana.

A moeda norte-americana também exibia queda ante divisas de países emergentes, como os pesos chileno e mexicano.