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Advogados de investidores da Petrobras nos EUA podem embolsar quase R$ 1 bi com acordo

Brendan Pierson

02/02/2018 17h27

NOVA YORK (Reuters) - Advogados de investidores que esperam receber US$ 3 bilhões após um acordo nos Estados Unidos com a estatal brasileira Petrobras e seus auditores, por conta do escândalo de corrupção, devem cobrar quase R$ 1 bilhão em honorários, segundo um comunicado oficial.

Liderados pelo escritório de advocacia Pomerantz, em Nova York, os advogados que representam os investidores querem cobrar US$ 285 milhões, o que equivaleria a cerca de R$ 915 milhões pelo câmbio desta sexta-feira, ou 9,5% dos valores previstos no acordo.

Tanto os honorários quanto o acordo em si precisam ainda ser aprovados pelo juiz responsável pelo caso na Justiça norte-americana, Jed Rakoff.

A Petrobras anunciou em 3 de janeiro que irá pagar US$ 2,95 bilhões para encerrar uma ação coletiva ("class action") movida por investidores nos EUA que alegaram que suas ações perderam valor como resultado de um enorme escândalo de corrupção na companhia descoberto pelas autoridades brasileiras.

Se aprovado, o acordo representará o maior pagamento já acertado junto a investidores nos EUA por uma empresa estrangeira, segundo a Pomerantz. Embora abaixo das estimativas de muitos analistas, o montante está entre os maiores valores já alcançados por uma "class action" na história dos EUA.

Por meio de um novo acordo divulgado na quinta-feira, os advogados do caso alcançaram US$ 50 milhões adicionais junto aos auditores da Petrobras, a subsidiária brasileira da PricewaterhouseCoopers, levando o total obtido a US$ 3 bilhões. A auditora não pôde ser encontrada para comentar de imediato.

Vítima de corrupção

A Petrobras negou envolvimento em irregularidades e manteve um discurso de que foi vítima de corrupção de seus ex-executivos. A companhia disse em comunicado à Justiça na quinta-feira que ainda se reserva ao direito de buscar recuperar os recursos juntos aos ex-executivos e outros acusados de corrupção que não fizeram parte do acordo.

As acusações à Petrobras surgiram no âmbito da chamada Operação Lava Jato, que nos últimos quatro anos tem investigado casos de pagamento de propina entre fornecedores e executivos de estatais e políticos.

O acordo nos EUA colocou fim a uma "extremamente alta incerteza" sobre a potencial punição à Petrobras, disse o JP Morgan em nota a clientes em 3 de janeiro, adicionando que esperava um acerto na casa dos US$ 5 bilhões. Analistas do BTG Pactual disseram que o mercado esperava um acordo de entre US$ 5 bilhões e US$ 10 bilhões.

O presidente da Petrobras, Pedro Parente, disse em 16 de janeiro que a companhia não considera fechar acordos com acionistas em outros países, a não ser que seja forçada a isso pela legislação.