Detalhes sobre divisão de áreas da Embraer com Boeing prolongam negociações, dizem fontes
SÃO PAULO (Reuters) - O difícil trabalho de dividir três segmentos de negócios da Embraer está atrasando um acordo para combinar operações da fabricante brasileira de aviões com a norte-americana Boeing, disseram três pessoas com conhecimento do assunto à agência de notícias Reuters.
A decisão de separar a unidade de jatos comerciais da Embraer, vender seu controle e dividir o portfólio de jatos executivos, ajudou a ganhar apoio do governo brasileiro para uma operação entre as duas empresas, mas criou outras dores de cabeça, segundo as fontes.
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Os negociadores estão agora analisando detalhes dos contratos de serviço de longo prazo entre as empresas e como distribuir os milhares de engenheiros da Embraer, muitos dos quais migraram entre projetos militares e civis durante a carreira.
Representantes da Boeing e da Embraer não responderam imediatamente a pedido de comentários sobre o assunto.
Embraer e Boeing querem criar nova empresa
As empresas anunciaram no mês passado que estavam em negociações para criar uma nova companhia focada em aviação comercial, o que excluiria a divisão de produtos militares da Embraer e "potencialmente" sua unidade de jatos executivos.
Isso ajudou a superar as preocupações do governo sobre o controle soberano dos programas militares da Embraer. O governo tem poder de veto sobre decisões estratégicas da empresa.
"Estou bastante otimista", disse nesta semana o ministro da Defesa, Joaquim Silva e Luna, responsável pela força-tarefa que supervisiona as negociações, quando questionado sobre a negociação. "Está em estágios avançados e deve ser resolvido este ano."
Divisão militar mal obteve lucro
A proposta original da Boeing, uma aquisição direta da Embraer, poderia já estar concluída e tem se mostrado mais desafiador fazer uma oferta que exclua a área de defesa da fabricante brasileira de um eventual acordo, disseram fontes.
Os jatos de 70 a 130 assentos da Embraer, que competem com o programa C-Series projetado pela canadense Bombardier, respondem por cerca de 60% da receita da Embraer e por quase todo o lucro operacional da fabricante brasileira.
A divisão de defesa da Embraer mal obteve lucro nos últimos anos, uma vez que o governo brasileiro cortou gastos militares em um esforço para fechar déficit orçamentário.
A Embraer também vem perdendo dinheiro com uma nova linha de jatos executivos, já que esse mercado continua estagnado.
As empresas ainda não chegaram a uma decisão final sobre a inclusão da unidade junto com a divisão de jatos comerciais em uma nova empresa, na qual a Boeing teria cerca de 80 por cento de participação, segundo duas fontes.