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Funcef planeja zerar déficit até o fim de 2018, diz presidente

01/06/2018 16h02

SÃO PAULO (Reuters) - O fundo de pensão dos funcionários da Caixa Econômica Federal, a Funcef, planeja zerar seu déficit no final de 2018, refletindo um misto de aumento da rentabilidade dos investimentos em ações, recuperação de perdas e ajustes técnicos, disse o presidente da entidade, Carlos Vieira.

"Queremos resolver a questão do déficit até 2019 para, a partir de então, passar a cuidar dos efeitos do equacionamento", disse Vieira à Reuters em entrevista por telefone.

Terceiro maior fundo de pensão do país com 61,75 bilhões de reais em ativos, a Fundação dos Economiários Federais (Funcef) fechou o primeiro trimestre com um superávit de 394 milhões de reais. Os ativos do fundo tiveram rentabilidade de 3,01 por cento no período, acima da meta atuarial de 1,59 por cento no trimestre.

Esta foi apenas a quarta vez nos últimos 11 anos em que a Funcef superou no primeiro trimestre a meta atuarial, rentabilidade mínima necessária para que o fundo consiga pagar os benefícios de todos os participantes ao longo do tempo.

Um dos fundos de pensão mais atingidos pelos efeitos de um mix de investimentos fracassados e falhas de gestão, a Funcef acumulou sucessivos prejuízos nos últimos anos, até fechar 2016 com um déficit de 12,5 bilhões de reais. A maior parte do rombo foi registrada pelo fundo mais antigo, o Reg/Replan, de benefício definido, que responde por cerca de 80 por cento dos ativos totais.

As perdas vieram de investimentos em ativos como a fabricante de plataformas para exploração de petróleo Sete Brasil, hoje em recuperação judicial, a hidrelétrica de Belo Monte e na produtora de celulose Eldorado, que pertencia ao grupo J&F até o ano passado.

Para equilibrar as contas, a gestão elevou o volume de contribuição de seus associados e reduziu a meta atuarial, o que facilita atingir a rentabilidade mínima exigida. Além disso, a instituição conseguiu recuperar parte de valores perdidos em meio a acordos com empresas e gestores contratados.

Somente a J&F, que vendeu no ano passado a Eldorado para o grupo holandês Paper Excellence, aceitou pagar 1,02 bilhão de reais à Funcef, valor computado no resultado do trimestre. A Funcef trabalha na esfera jurídica para tentar ser indenizada por perdas em outros investimentos.

Por fim, ajustes regulatórios deram aos fundos mais tempo para ajustarem eventuais perdas, o que permitiu à Funcef ficar menos pressionada em relação a investimentos em ativos que tiveram perdas elevadas nos últimos anos, como imobiliários.

"A gente estava com a faca no pescoço", disse Vieira.

Como resultado desse conjunto, o déficit do fundo caiu para pouco mais de 2 bilhões de reais no final de março. A meta agora é reduzir esse déficit até a virada do ano.

Para atingir esse alvo, a gestão planeja obter retorno dos ativos de pelo menos 1 ponto percentual acima da meta atuarial de INPC mais 4,5 por cento, hoje pouco mais de 7 por cento ao ano.

Segundo Vieira, mesmo com as recentes perdas do mercado acionário, a Funcef deve conseguir atingir seus objetivos de rentabilidade. O investimento mais relevante do fundo em ações está em Vale, que tem subido nos últimos meses refletindo a alta dos preços das commodities.

Segundo o executivo, não há planos de venda rápida das ações da mineradora, mas que a saída do acordo de acionistas como parte do processo que levou a companhia ao Novo Mercado deixa a Funcef com maior liquidez para decidir quando necessário.

O fundo de pensão dos empregados da Caixa ainda seque discutindo o que fazer com seu investimento na Invepar, empresa de concessões de infraestutura da qual é sócia juntamente como os fundos Previ, do Banco do Brasil, e Petros, da Petrobras.

Uma negociação para venda integral do negócio ao Mubadala, empresa de investimento de Abu Dhabi, fracassou, o que fez os sócios abrirem conversas com outros interessados na Invepar, como a também concessionária de infraestrutura CCR.

(Por Aluísio Alves)