MPF denuncia executivo da GE e mais 23 por fraudes em licitações; STF determina soltura de empresário
RIO DE JANEIRO (Reuters) - O presidente-executivo da General Electric
Speranzini, que foi uma das 20 pessoas presas no início do mês passado na Operação Ressonância, da Polícia Federal, foi denunciado à Justiça por suspeita de integrar organização criminosa e fraudar licitações, de acordo com a denúncia divulgada pelo MPF.
Apesar da apresentação da denúncia à Justiça, o executivo foi beneficiado nesta própria quarta-feira por uma decisão do ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que determinou a suspensão de sua prisão preventiva, assim como de outros dois denunciados no âmbito da mesma investigação.
O ministro substitui a prisão de Speranzini por medidas cautelares, incluindo a proibição de manter contato com os demais investigados e a proibição de deixar o país.
Os crimes investigadores teriam ocorrido quando Speranzini era presidente da Philips Medical Systems
O esquema, segundo as autoridades, envolveu dezenas de empresas que pagavam subornos a autoridades de saúde em troca de ajuda para inflar preços de uma série de equipamentos médicos, como máquinas de ressonância magnética e próteses.
De acordo com os procuradores, Speranzini participou no cartel primeiro como chefe da operação da Philips, quando um delator interno informou ao escritório de compliance da empresa sobre a fraude e ele foi demitido após uma investigação interna.
Dois meses após ser dispensado pela Philips, Speranzini foi contratado pela GE Healthcare e avançou na liderança da empresa, tornando-se presidente-executivo para América Latina.
Em nota, a GE informou que Speranzini foi libertado com medidas restritivas e continuará afastado, enquanto a empresa acompanha o caso, e afirmou que "esse fato não altera em nada nossas operações, compromissos e projetos futuros com nossos parceiros", acrescentando que está comprometida em cooperar com as autoridades.
A Philips também reafirmou seu compromisso com as autoridades e disse em comunicado que "quaisquer investigações sobre possíveis violações dessas leis são tratadas muito seriamente pela empresa".
Entre os outros denunciados pelo MPF estão autoridades da área de saúde do Rio de Janeiro, intermediários e operadores do esquema, empresários e funcionários das companhias envolvidas, incluindo o supervisor de vendas da Philips à época dos fatos investigados, Frederik Knudsen.
As fraudes na área de saúde, segundo os procuradores, faziam parte de um amplo esquema de corrupção comandando pelo ex-governador do Rio Sérgio Cabral, que desviou no total mais de 100 milhões de dólares dos cofres públicos do Estado durante seu governo, de acordo com os procuradores.
O ex-governador, que está preso desde novembro de 2016, já foi condenado em diversas ações.
"O esquema criminoso envolveu a participação de dezenas de empresas que, por meio de cartel, fraudaram por décadas procedimentos licitatórios, lesando a concorrência e superfaturando preços de insumos médicos", disse o MPF na denúncia apresentada à Justiça.
"As investigações também revelaram a participação de funcionários públicos que agiam de forma coordenada em benefício das empresas integrantes do grupo criminoso, de modo a permitir a máxima arrecadação de recursos pelas empresas cartelizadas e a reversão de parte significativa desses contratos a título de propina para servidores públicos dos mais diversos órgãos e escalões", acrescentou.
A Reuters não conseguiu localizar um advogado de Speranzini.
(Por Pedro Fonseca)
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