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Brasil critica Venezuela conforme sarampo se espalha pela fronteira

09/08/2018 20h11

Por Anthony Boadle

BRASÍLIA (Reuters) - O Brasil se queixou nesta quinta-feira de que a Venezuela não está fazendo nada para impedir a propagação de um surto de sarampo no Brasil e em outros países vizinhos que tem sido desencadeado por um êxodo de venezuelanos que fogem de colapso econômico.

Desde fevereiro, quatro pessoas ? três delas venezuelanas ? morreram de sarampo no Estado fronteiriço de Roraima, onde autoridades da saúde confirmaram 281 casos da doença, a maioria entre crianças.

O surto fez com que o governo brasileiro iniciasse uma campanha nacional para vacinar 11 milhões de crianças, além de adultos que solicitarem. Embora muitas crianças brasileiras já estejam vacinadas contra a doença, os índices de vacinação caíram desde que o Brasil foi declarado livre do sarampo, em 2016.

O ministro da Saúde, Gilberto Occhi, disse que a Venezuela ignorou ofertas brasileiras de assistência e vacinas e que não havia respondido pedidos de informações para avaliar a extensão da epidemia.

?Nós precisamos saber qual a política da Venezuela e o que ela tem feito para vacinar sua população, assim como outros países?, disse Occhi em teleconferência com a mídia estrangeira.

O Ministério da Informação da Venezuela não respondeu imediatamente a um pedido de comentário.

Occhi disse que o Brasil está considerando vacinar todos os venezuelanos que entram no país ? cerca de 2 mil por dia, com metade destes em trânsito ou em visita de curta duração. Atualmente, somente os que solicitam permanência como refugiados ou residentes são vacinados.

O Brasil, junto à Colômbia e outros vizinhos, tem discutido a necessidade de a Venezuela fornecer informações atualizadas à Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), disse uma autoridade.

?Tudo que temos são dados preliminares de 2017. Eles não estão atualizando as informações e nós não podemos ver a magnitude do problema?, disse Carla Domingues, chefe do programa de imunização do Brasil.

A Opas informou no mês passado que quase 2.500 casos confirmados de sarampo haviam sido relatados nas Américas em 2018, com mais de 1.600 destes ocorrendo na Venezuela e quase 700 no Brasil.

Desde que venezuelanos que fogem da crise econômica e política começaram a entrar em Roraima há três anos, o Brasil vacinou 45 mil pessoas que chegaram.

Um decreto do governo do Estado de Roraima exigindo a vacinação geral obrigatória de venezuelanos foi derrubado nesta semana.