Funcef prevê receber R$ 750 mi de acordos e zerar déficit em 2018
SÃO PAULO (Reuters) - A Funcef, fundo de pensão dos empregados da Caixa Econômica Federal, deve receber cerca de R$ 750 milhões em acordos e indenizações neste ano, o que ajudará a zerar um déficit de R$ 2,5 bilhões, disse o presidente do órgão, Carlos Vieira.
A previsão de receitas extraordinárias inclui R$ 600 milhões de uma arbitragem sobre perdas em investimentos feitos pela Funcef e mais quase R$ 150 milhões resultantes de acordos intermediados por procuradores relativos a gestão fraudulenta no FIP Enseada, que tinham fundos de previdência como cotistas.
Além disso, a Funcef deve reduzir provisão para perdas em contenciosos com participantes do fundo, ao mesmo tempo em que eleva a avaliação de preço de alguns ativos de sua carteira de investimento.
O executivo conta também com a manutenção dos preços de ativos de renda variável, que respondem por quase um quarto dos ativos para ajudar o fundo a zerar seu déficit neste ano, o que geraria para o conjunto da carteira uma rentabilidade excedente à meta atuarial.
"Devemos resolver essa questão do déficit este ano", disse Vieira em entrevista à agência de notícias Reuters.
Terceiro maior fundo de pensão do país, com cerca de 140 mil participantes e R$ 62 bilhões em ativos, a Funcef registrou dezenas de bilhões em prejuízo na última década como consequência de fraudes, investimentos em projetos fracassados e os efeitos da recessão no Brasil.
Além das receitas extraordinárias com processos legais movidos contra empresas investidas e administradores de seus ativos, a Funcef aprovou um reequacionamento de suas contas, o que implicou em contribuições extras dos seus cotistas por um período médio de 20 anos, além de reduzir a meta atuarial, ou seja, fixa uma rentabilidade mínima menor por ano.
Com isso, o chamado déficit técnico da entidade, que era de R$ 12,5 bilhões no fim de 2016, caiu para R$ 6,5 bilhões no ano passado, e seguiu diminuindo neste ano.
Para Vieira, esse conjunto está dando aos administradores do fundo maior flexibilidade na gestão dos ativos, evitando ter que vender ativos a qualquer preço para poder pagar os benefícios de aposentados e pensionistas.
Ações da Vale
A carteira de renda variável da Funcef detém, entre outros ativos, ações da Vale. Vieira negou que o fundo tenha vendido ou planeje se desfazer dos papéis da mineradora logo.
"Agora, a gente começa pensar na possibilidade de redução do peso equacionamento dos participantes, reduzir os percentuais extras de contribuição", afirmou Vieira.
Acordo de leniência e arbitragem
No ano passado, na esteira de um acordo leniência firmado com procuradores, o grupo J&F aceitou pagar cerca de R$ 1,75 bilhão ao longo de 25 anos. A J&F era dona da Eldorado Celulose, empresa investida pelo FIP Florestal, alvo da operação Greenfield, que detectou fraudes na gestão. A Funcef era investidor do fundo.
O executivo não quis detalhar quem é o alvo da arbitragem movida pela Funcef. A Reuters apurou que a instituição é parte em arbitragens contra a empreiteira OAS; o grupo Norte Energia, que administra as obras da hidrelétrica de Belo Monte; contra a Tangará Foods e a Petrobras.
A Funcef também moveu ações envolvendo os FIP Cevix e FIP RG Estaleiros pedindo ressarcimentos de R$ 2,2 bilhões, mas ainda não há data para um desfecho do imbróglio.
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