Bolsonaro diz que adversários indultariam Lula e envolvidos na Lava Jato
SÃO PAULO (Reuters) - O candidato do PSL à Presidência, Jair Bolsonaro, disse em entrevista à TV Record nesta terça-feira que existe um plano dos outros presidenciáveis de conceder indulto ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que também beneficiaria envolvidos e condenados na operação Lava Jato.
Na entrevista, o candidato do PSL disse que o plano está sendo elaborado por partidos de esquerda, assim como do chamado centrão, para que o presidente eleito em outubro dê o indulto a Lula e beneficie outros acusados. Ele alertou que, se eleito, este plano não irá adiante.
"O que os grandes partidos querem, o centrão e a esquerda para o lado de lá? Um indulto para o Lula e para o pessoal da Lava Jato, que seria o compromisso do presidente eleito --não meu", disse o candidato.
"Por outro lado eles jogam também com o quê? Com indicação política dos ministros do Supremo Tribunal Federal, é uma reinterpretação da perda de liberdade após a condenação em segunda instância", acrescentou.
Lula, que lidera as pesquisas de intenção de voto para o Palácio do Planalto, está preso desde abril na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba, após ser condenado pela 8ª Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso do tríplex do Guarujá.
Como foi condenado por um órgão colegiado do Judiciário, Lula estaria enquadrado na Lei da Ficha Limpa e estaria impedido de disputar a eleição. O PT, no entanto, tem insistido em Lula e registrará a candidatura dele ao Planalto na quarta-feira.
"Então o que está em jogo no momento é indulto, o fim da Lava Jato, que vem sendo costurado nos meandros da Câmara e dos partidos para quem, por ventura, chegar lá levar avante essa proposta", disse Bolsonaro na entrevista à Record.
"Beneficia o Lula e todos os envolvidos na Lava Jato, todos os condenados na Lava Jato. Todos os partidos", acrescentou.
Bolsonaro, que também é deputado federal pelo Rio de Janeiro, disse ainda que "não é fácil" ser patrão no Brasil atualmente e defendeu a necessidade de desburocratizar e desregulamentar.
Indagado sobre o Bolsa Família, o candidato do PSL, que é capitão da reserva do Exército, defendeu o programa social, embora tenha defendido rigor na fiscalização para evitar casos de fraude.
"O programa tem que ser mantido", afirmou Bolsonaro quando questionado sobre o Bolsa Família. "Ninguém quer perseguir quem recebe o Bolsa Família", garantiu, quando perguntado sobre sua proposta de fazer uma auditoria no programa.
(Por Eduardo Simões)