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China mira Brasil e deve reduzir importação de soja dos EUA em 18/19, diz executivo

04/09/2018 12h30

Por Hallie Gu e Dominique Patton

HARBIN, China (Reuters) - A China substituirá quase inteiramente suas importações de soja dos Estados Unidos por grãos brasileiros e de outras origens na próxima temporada, mas poderá ficar sem a oleaginosa no início de 2019, disse um executivo de uma grande esmagadora nesta terça-feira.

A previsão é uma das mais pessimistas sobre o impacto da guerra comercial entre Washington e Pequim para os agricultores norte-americanos.

O maior comprador de soja do mundo importou cerca de 60 por cento das exportações da oleaginosa dos EUA no ano passado, mas está praticamente fora do mercado desde que Pequim impôs uma tarifa de 25 por cento sobre o produto norte-americanos em 6 de julho, em retaliação às tarifas aplicadas pelo governo de Donald Trump.

As importações dos Estados Unidos vão despencar ainda mais na temporada 2018/19, a partir deste mês, para apenas 700 mil toneladas, disse Guo Yanchao, vice-presidente do Jiusan Group.

Isso se compara a 27,85 milhões de toneladas de soja importada dos EUA no ano anterior.

No geral, as importações de soja da China no ano cairão para 84,67 milhões de toneladas, uma queda de 10,79 milhões de toneladas em relação às compras do ano passado, disse Guo em uma conferência do setor.

Isso incluiria 71,06 milhões de toneladas do Brasil, 7,5 milhões da Argentina e o restante do Canadá, Rússia e outros países, disse ele.

Ainda assim, Guo esperava que os estoques de soja importada nos portos caíssem para mínimas históricas em novembro, empurrando os preços da farelo de soja para níveis "muito altos" e prejudicando a demanda pelo ingrediente no primeiro trimestre de 2019.

Os suprimentos podem acabar em fevereiro ou março do ano que vem, alertou ele, quando a oferta de soja brasileiro ainda será limitada. Naquela época, algumas empresas privadas poderiam assumir o risco e comprar grãos dos Estados Unidos, disse ele.

A China também deverá aumentar as importações de rações alternativas e impulsionar o volume de esmagamento nacional para 3,4 milhões de toneladas, além de vender 1,6 milhão de toneladas das reservas do Estado.

(Por Hallie Gu e Dominique Patton)