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Equinor obtém licença e prepara perfuração ao Norte de Carcará

05/09/2018 18h02

Por Marta Nogueira

RIO DE JANEIRO (Reuters) - A petroleira Equinor (ex-Statoil) planeja iniciar neste ano perfuração em Norte de Carcará, promissora área operada pela norueguesa no pré-sal da Bacia de Santos, após obter licença ambiental para até cinco poços, afirmou nesta quarta-feira uma executiva da empresa.

Com a licença concedida pelo Ibama, a empresa poderá avançar com os investimentos no importante ativo, que foi adquirido em leilão de partilha de produção do pré-sal realizado no ano passado, segundo a vice-presidente sênior de desenvolvimento e produção no Brasil, Verônica Rezende Coelho.

A licença, válida por quatro anos, foi concedida com uma retificação, para incluir uma autorização já dada anteriormente pelo órgão ambiental para a perfuração de até sete poços no bloco BM-S-8, área Sul de Carcará, onde está a descoberta original. Ao todo, estão autorizados 12 poços no prospecto de Carcará.

Norte de Carcará foi envolvido em uma reestruturação societária que deixará a Equinor como operadora, com 40 por cento de participação, em parceria com outras companhias como a norte-americana ExxonMobil (com 40 por cento) e a Galp (20 por cento).

"A gente está se preparando. Acabando um poço de Guanxuma (outro prospecto que está no BM-S-8), a ideia é a gente seguir para a perfuração da área Norte (de Carcará) assim que for possível... Neste ano ainda", disse Verônica a jornalistas, após palestrar na Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan).

O aval do Ibama permite ainda a realização de um teste de formação de curta duração no BM-S-8 e ao Norte de Carcará, segundo documento visto pela Reuters.

A expectativa é iniciar a produção no prospecto de Carcará entre 2023 e 2024, com a entrada em operação de uma primeira plataforma do tipo FPSO, reiterou a executiva.

O prospecto de Carcará foi descoberto originalmente no BM-S-8, sob regime de concessão. Mas, como as reservas se estendiam para fora do contrato, o governo ofertou em um leilão do pré-sal a área Norte de Carcará, sob regime de partilha de produção.

O BM-S-8 era operado inicialmente pela Petrobras , antes de a estatal brasileira vender sua participação para a Equinor.

A companhia norueguesa aposta no ativo como parte dos esforços para atingir uma meta de produção no Brasil entre 300 mil e 500 mil barris de óleo equivalente por dia (boe/d) até 2030, ante os atuais 100 mil boe/d, segundo a executiva.

Além de Carcará, Verônica afirmou que a Equinor prevê perfurar até cinco poços, nos próximos dois anos, nas áreas novas adquiridas nos leilões recentemente realizados pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).

Ela reiterou que o Brasil é uma importante região para a Equinor e que deverá receber investimentos de 15 bilhões de dólares até 2030. No entanto, destacou que os ativos brasileiros estão sempre competindo por recursos com outros países do mundo, defendendo que o país precisa ser competitivo.

INVESTIMENTOS EM GÁS

O objetivo da empresa é atuar em diversos setores de energia no país e, segundo Verônica, executivos da companhia estão estudando como gerar negócios a partir do gás natural brasileiro.

"A gente está avaliando todas as possibilidades, a infraestrutura já existente, mas que hoje pertence basicamente à Petrobras", afirmou ela, sem detalhar os investimentos.

"A dificuldade que se vê hoje é que o ambiente regulatório é bastante restritivo em termos de acesso à infraestrutura, acesso direto ao mercado, e isso precisa ser destravado."

Ela destacou que a empresa vê potencial para que as áreas de Pão de Açúcar e Carcará produzam volume necessário para atender 25 por cento da demanda de gás natural do país até o fim da década de 2020, caso todo esse potencial possa ser aproveitado.

CAMPO DE RONCADOR

A executiva também explicou aos jornalistas que, após a conclusão recente da compra de participação de 25 por cento do campo maduro de Roncador da Petrobras , na Bacia de Campos, as empresas podem iniciar entre 2018 e 2019 um plano de revitalização.

A Petrobras permanece como operadora do campo, com 75 por cento de participação.

O objetivo é aumentar o fator de recuperação, podendo trazer um volume adicional de aproximadamente 500 milhões de barris de óleo equivalente (boe) ao longo da vida do campo, previsto para 2050.

"A Petrobras já tem um projeto de revitalização sendo amadurecido e o que a gente está fazendo é trabalhando junto com eles... amadurecendo novas atividades, aplicando um pouco das técnicas que a gente desenvolveu no Mar do Norte", afirmou, explicando que o plano deverá incluir várias etapas.

A executiva afirmou que a empresa está bastante otimista para a obtenção junto à ANP de uma postergação da concessão de Roncador, que atualmente está prevista para ser encerrada em 2024.

Questionada se teria interesses em adquirir outras participações em áreas maduras da Petrobras, Verônica disse que tem sempre intenção em expandir negócios com a Petrobras, mas que não há nada na agenda.

(Por Marta Nogueira)