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Casino levanta 565 mi de euros com venda de imóveis ligados à rede Monoprix

01/10/2018 12h20

Por Sudip Kar-Gupta

PARIS (Reuters) - O grupo francês de supermercados Casino informou nesta segunda-feira que firmou acordo para venda de alguns imóveis da rede Monoprix por 565 milhões de euros (655 milhões de dólares) para reduzir o endividamento que preocupa investidores e levou a rebaixamentos na nota de crédito da empresa.

O acordo, que envolve a venda e locação das propriedades, sucede a venda em julho de uma fatia de 15 por cento do braço imobiliário do Casino, o Mercialys. O grupo francês agora está na metade do caminho da meta de vender 1,5 bilhão de euros em ativos até o começo de 2019.

As ações do Casino despencaram cerca de 30 por cento em 2018 em meio a preocupações sobre o endividamento da companhia e da holding Rallye.

A empresa de pesquisa Muddy Waters levantou preocupações sobre a dívida do grupo, enquanto as agências de classificação de risco Standard & Poor's e Moody's rebaixaram o rating de crédito da companhia.

Por volta das 11:45 (horário de Brasília) desta segunda-feira, os papéis do Casino oscilavam em torno da estabilidade, após subirem mais cedo e figurarem entre os destaques positivos do índice SBF-120 da Bolsa de Paris.

Contudo, analistas disseram que o Casino precisava fazer mais que vender ativos imobiliários.

O Casino informou que assinou um acordo com um investidor institucional não revelado para vender 55 propriedades ligadas à rede de supermercados Monoprix, uma importante fonte de lucro para companhia.

Os recursos provenientes da operação seriam recebidos até o fim de dezembro.

"O Grupo Casino confirma todas as metas para 2018", disse a companhia em comunicado.

"O contínuo desempenho operacional bom e a progressiva implantação de novas alavancas de lucratividade permitirão ao Casino melhorar o lucro de varejo na França em 2019 em um ritmo similar ao de 2018, incluindo os efeitos de aluguéis adicionais", informou o grupo.

Analistas da corretora Raymond James, que atribuem uma recomendação "market perform", disseram que o Casino precisava fazer mais para melhorar sua performance de negócios na França, apesar da venda de ativos.

No mês passado, o Casino disse ter rejeitado uma aproximação do Carrefour para fusão das operações, embora o rival tenha negado a proposta.

Cinco bancos concederam uma nova linha de crédito de 500 milhões de euros ao Rallye no mês passado, ainda que a venda de ativos também tenha reduzido o endividamento do Casino.

A Moody's cortou a perspectiva para o Casino para "negativa" ante "estável" na sexta-feira, para refletir "a alta alavancagem da Rallye, cuja dívida excede o valor dos ativos" e a baixa geração de fluxo de caixa nas lojas francesas.

O Casino reportou dívida líquida de cerca de 5,4 bilhões de euros durante o balanço preliminar em julho, enquanto a empresa atualmente tem uma capitalização de mercado de cerca de 4 bilhões de euros.

A Moody's estimou o valor dos ativos da Rallye em cerca de 2,2 bilhões de euros, ante dívida líquida de 2,9 bilhões de euros.

A Standard & Poor's atribuiu classificação "BB" à dívida do Casino, ante "BB+",

O Casino informou que a desalavancagem e o plano de redução das dívidas até agora somaram 778 milhões de euros e que recebeu ofertas indicativas para mais ativos que podem ocorrer antes do fim do ano.

(Reportagem de Dominique Vidalon e Alan Charlish)