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BNDES não tem urgência em cumprir meta de desinvestimentos, diz diretora

02/10/2018 17h14

RIO DE JANEIRO (Reuters) - O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) não tem urgência para vender suas ações em empresas e cumprir a meta de desinvestimentos, que para este ano foi elevada a 12 bilhões de reais, disse nesta terça-feira a diretora da área do mercado de capitais do banco, Eliane Lustosa.

O novo objetivo foi anunciado na semana passada pela cúpula do BNDES, que antes projetava que as vendas de ações do banco em outras empresas atingiriam 10 bilhões de reais em 2018. No ano passado, o banco desinvestiu cerca de 7 bilhões de reais e, este ano, o montante já soma cerca de 6 bilhões a 7 bilhões de reais.

De acordo com Lustosa, a meta de 12 bilhões de reais foi estabelecida, mas o banco só vai se desfazer dos ativos se surgirem boas ofertas e oportunidades. "Se não tiver no preço justo, o desinvestimento acontecerá no médio prazo e não existe urgência no desinvestimento", disse a diretora durante o 1º Rio Money Fórum.

A carteira da BNDESPar, braço de participações do BNDES, está concentrada nas seguintes empresas: Eletrobras, Petrobras, Vale, JBS, Fibria e Suzano.

Ao fim do primeiro semestre, os investimentos somavam 83,5 bilhões de reais investidos, sendo 90 por cento em ações. A carteira do BNDES conta ainda com 37 fundos, dos quais 46 por cento eram de private equity, 38 por cento de venture capital e 18 por cento de seed capital.

Lustosa observou que o BNDES tem se esforçado para migrar, cada vez mais, para fundos de venture e seed. "Estamos migrando para menores empresas, com grande conteúdo de inovação e que possam em algum momento atingir mercado de capital", alertou a executiva.

Segundo ela, o banco está concluindo uma nova etapa de sua política operacional e, em um prazo de até 30 dias, lançará seu programa de subscrição de valores mobiliários.

No mesmo evento, a diretora da B3, Flavia Mouta, afirmou que o grupo de trabalho de mercado de capitais, criado para elaborar propostas à CVM que facilitem o acesso para pequenas e médias empresas, deve apresentar suas colaborações até o fim de novembro.

"A gente acha que ajustes nas instruções da CVM que já existem podem viabilizar o mercado de acesso", disse ela a jornalistas. "Nosso compromisso é ter um desenho pronto até o fim de novembro e apresentar à CVM e ao mercado para depois trabalhar em cima de uma eventual implementação..." afirmou Mouta.

Entre as medidas apontadas como entraves para o mercado de acesso estão a proibição de captações dias antes da divulgação de demonstrações financeiras das empresas, o que em tese diminui a janela de captação de recursos no mercado.

Segundo a diretora da B3, essa vedação e as "paralisações" na operações de mercado nos meses de julho e agosto, período de férias no hemisfério norte, encurtam a janela para as captações em 100 dias por ano. "Não sabemos em quanto podemos aumentar essas janelas de captações", disse Mouta.

(Por Rodrigo Viga Gaier)