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Powell, do Fed, diz que a perspectiva dos EUA é "notavelmente positiva" com desemprego baixo e inflação moderada

02/10/2018 14h08

BOSTON (Reuters) - O chair do Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos, Jerome Powell, elogiou nesta terça-feira a "perspectiva incrivelmente positiva" da economia norte-americana, que ele considera estar à beira de uma era "historicamente rara" de preços e desemprego muito baixos.

A situação, com previsão de desemprego abaixo de 4 por cento durante ao menos mais dois anos, e inflação que permanecerá modesta mesmo com o aumento dos salários, seria "única entre os dados modernos dos EUA", reconheceu Powell.

Proteger-se contra a "vingança" do aumento dos preços tipicamente associado a uma taxa de desemprego tão baixa, disse Powell, exige que o Fed continue a aumentar gradualmente a taxa de juros dos EUA.

Mas ele também argumentou que, longe de ser "bom demais para ser verdade", as projeções atuais do Fed estão confirmando mudanças na economia que podem significar que a inflação continua modesta quase que independentemente, mesmo que o desemprego caia.

"Estes desenvolvimentos representam um mundo melhor para famílias e empresas que já não experimentam ou temem o flagelo da inflação alta e volátil."

Essa falta de medo e a firme promessa dos bancos centrais de manter a inflação sob controle, disse ele, foram as razões pelas quais os aumentos de preços permaneceram sob controle - e também porque, mesmo durante o declínio da Grande Recessão, uma "deflação" não pegou.

A possível mudança na relação entre inflação e desemprego tem sido central no debate econômico desde a crise de 2007-2009. Várias autoridades de política monetária do Fed alertaram persistentemente, por exemplo, que à medida que a taxa de desemprego caía e o Fed imprimia trilhões de novos dólares, a inflação descontrolada estava chegando.

Isso nunca aconteceu, levantando especulações de que a relação entre a baixa taxa de desemprego e o aumento da inflação estava morta ou pelo menos muito fraca.

Powell disse que as autoridades monetárias levam a sério o risco de que essa relação possa ressurgir à medida que o desemprego diminui, e que os aumentos da taxa de juros por precaução são, portanto, justificados.

Mas seus comentários nesta terça-feira argumentam que a economia se tornou, de fato, imune contra o tipo de aumento de preços que se instalou na década de 1960, e que tudo que o Fed precisa fazer é manter sua promessa de reagir a riscos emergentes que possam permitir que a mentalidade inflacionária se firme novamente.

(Por Howard Schneider e Jonathan Spicer)