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Vantagem de Bolsonaro no 1º turno deve agradar mercados, mas não assegura euforia

Por Claudia Violante e Paula Arend Laier

08/10/2018 00h58

SÃO PAULO (Reuters) - O resultado do primeiro turno da eleição presidencial no país deve agradar investidores, mas não assegura uma sessão de euforia no mercado brasileiro na segunda-feira (8), apesar da vantagem significativa do candidato do PSL, Jair Bolsonaro, frente a Fernando Haddad (PT), que se enfrentarão no segundo turno, em 28 de outubro. Bolsonaro obteve 46% dos votos válidos no domingo (7), enquanto Haddad registrou 29,3%.

Conforme agentes financeiros consultados pela agência de notícias Reuters, um cenário com Bolsonaro e Haddad no segundo turno, com o candidato do PSL à frente, já estava no preço dos ativos; e pode frustrar principalmente aqueles que já trabalhavam com um desfecho neste domingo.

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"Havia uma expectativa crescente de que talvez a eleição acabasse já no primeiro turno", disse o economista Evandro Buccini, da Rio Bravo Investimentos, acrescentando que os investidores podem adotar uma posição mais defensiva.

Na visão do analista Filipe Villegas, da corretora Genial, o Ibovespa teve uma semana bastante positiva e a possibilidade de vitória de Bolsonaro não era pequena, então não seria de estranhar uma realização de lucros" dado o cenário de segundo turno.

Na semana que antecedeu a votação, o dólar acumulou queda de 4,5%, encerrando a sexta-feira (5) a R$ 3,857, enquanto o Ibovespa contabilizou um ganho de 3,75%, fechando a 82.321,52 pontos. A avaliação no mercado é de que agora começa uma nova campanha, com novas pesquisas e novos debates, além de anúncios de potenciais alianças partidárias.

Para o gestor Frederico Mesnik, sócio-fundador da Trígono Capital, o mercado pode até abrir com um tom positivo, mas deve corrigir até o final do dia, com investidores preferindo cautela até a próxima pesquisa sobre intenção de votos.

"A sombra do PT pode pesar nos negócios... pelo menos até às próximas pesquisas", avaliou.

O gerente de renda fixa Carlos Fernando Mendes, da corretora Lerosa, acrescenta ainda que próximos movimentos dependerão das coligações que serão anunciadas, dos próximos debates. "É outra campanha", disse.

Na visão do economista Dev Ashish, do Société Générale, o segundo turno está em aberto.

Após o resultado do primeiro turno, a equipe da XP Investimentos ajustou sua carteira recomendada para refletir um cenário de risco menor, mas destacou que uma vitória de Bolsonaro no segundo turno ainda não está garantida.

"Esperamos volatilidade", afirmou a equipe liderada pelo estrategista Karel Luketic, em nota a clientes.

Ambos os candidatos encerraram a primeira fase da campanha presidencial com elevadas taxas de rejeição, o que mostra as dificuldades que terão no segundo turno.

Os discursos adotados por cada candidato serão outro foco de atenção, após declarações polêmicas durante os últimos meses, principalmente no campo econômico.

A preferência no mercado financeiro por Bolsonaro é apoiada no seu coordenador econômico, o economista liberal Paulo Guedes, oriundo do mercado, a quem repassa praticamente qualquer questionamento referente a temas econômicos, mas também em um sentimento anti-PT, após deterioração de indicadores econômicos, principalmente no governo de Dilma Rousseff.

No caso de Haddad, persiste a desconfiança em relação à capacidade do candidato do PT de implementar uma política de maior austeridade fiscal e promover reformas como a da Previdência, com apreensão sobre uma guinada mais populista.

(Com reportagem adicional de Eduardo Simões)

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