Dodge aponta corrupção de Temer por propina da Odebrecht
(Reuters) - A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, citou o presidente Michel Temer como suspeito do crime de corrupção passiva pelo pedido de vantagem indevida à empreiteira Odebrecht em esquema com a participação dos ministros Eliseu Padilha e Moreira Franco, ao apresentar recurso ao Supremo Tribunal Federal (STF) para manter investigação contra os ministros na Justiça Federal.
No recurso, apresentado na segunda-feira, Dodge afirmou que o crime de corrupção passiva foi "consumado com a solicitação de vantagem indevida por Michel Temer e Eliseu Padilha no Palácio do Jaburu", em referência a jantar realizado em maio de 2014 em que foi feito pedido de 10 milhões de reais à empresa a pretexto de doações eleitorais, segundo a PGR.
Dodge afirmou que o então vice-presidente Temer recebeu dois pagamentos separados, um de 1,4 milhão de reais por meio de João Baptista Lima Filho e outro no valor de 1 milhão por meio de José Yunes.
Para a procuradora-geral, os pedidos de recursos revelam “esquema de corrupção que se prolongava no tempo e funcionava como modo de perpetuação do poder econômico para a Odebrecht e político, para Eliseu Padilha e Michel Temer”, disse a Procuradoria-Geral da República em comunicado.
A procuradora-geral solicitou no recurso enviado ao Supremo que o ministro Edson Fachin reconsidere a decisão de enviar à Justiça Eleitoral as investigações contra Moreira Franco e Padilha.
No caso de Temer, a procuradora-geral solicitou ao Supremo em setembro que a investigação fosse suspensa até o fim de seu mandato, uma vez que a Constituição Federal proíbe que o presidente seja denunciado por atos anteriores ao mandato, como no caso dos fatos apurados no inquérito.
Segundo a PGR, os dois ministros e Temer estão entre os investigados em um inquérito aberto a partir de informações fornecidas em colaboração premiada por executivos da Odebrecht. Segundo os depoimentos, a empresa pagou no total 14 milhões de reais em vantagens indevidas a líderes do MDB, com destaque para Temer e os ministros.
Temer, Padilha e Moreira negam repetidamente terem cometido qualquer irregularidade.
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