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Cinquenta anos depois, 747 se mantém vivo como avião de carga

08/02/2019 14h23

Por Eric M. Johnson

SEATTLE, Estados Unidos (Reuters) - O jumbo 747 da Boeing, uma aeronave que democratizou as viagens aéreas globais na década de 1970, mas que ficou para trás ante as modernas aeronaves de passageiros de dois motores, se recuperou da quase morte para comemorar aniversário de 50 anos no sábado. A aeronave ganhou sobrevida graças a um boom no mercado de carga alimentado pelo comércio eletrônico.

A "Rainha dos Céus" da Boeing é o avião mais facilmente reconhecido do mundo, com sua fuselagem corcunda e quatro motores. Agora ele está desfrutando de uma segunda vida, talvez menos glamourosa, como uma mula de carga para empresas como a UPS.

"É uma máquina eficiente para nós", disse Jim Mayer, porta-voz da UPS, maior distribuidora de encomendas do mundo.

A UPS fez pedido para mais 14 cargueiros 747-8 em 2018, um salva-vidas que ajuda a diminuir as dúvidas sobre o futuro do jumbo, que deve sobreviver ao seu concorrente europeu, o A380, da Airbus.

A Airbus está avaliando de maneira "extremamente séria" em fechar as linhas de montagem do A380 mais cedo do que o esperado, informou a Reuters em janeiro, depois que a companhia aérea Emirates indicou que poderia converter suas encomendas do A380 para o menor A350.

A Boeing havia dito em 2016 que poderia encerrar a produção do 747 em meio à queda de pedidos e pressão por preços baixos. As principais operadoras aéreas dos EUA, como United Continental e a Delta Air Lines já disseram adeus ao 747.

Ao manter o 747 vivo, a Boeing evita acusações e demissões por interromper a produção na gigantesca fábrica de fuselagem próxima de Seattle.

A companhia também protege programas mais novos como o 787 Dreamliner e o mais recente modelo 777 contra o que poderia ser um grande excesso de pessoal na fábrica se a linha 747 fosse desativada.

Ainda assim, o prolongado tempo de vida do 747 pode ser reduzido pelas tensões comerciais entre os EUA e a China e as preocupações com uma desaceleração econômica mais ampla que ameaça a demanda por cargueiros.

O volume de carga aérea global subiu 3,5 por cento em 2018, em comparação com expansão de 9,7 por cento em 2017, de acordo com os dados mais recentes da Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA).

O 747, que teve seu voo inaugural em 9 de fevereiro de 1969 e entrou em serviço na Pan American World Airways em janeiro de 1970, permitiu viagens aéreas mais acessíveis devido ao seu tamanho e alcance.

O avião ainda transporta passageiros para Lufthansa, Korean Air e Air China, e ainda tem outro papel. O governo dos EUA solicitou à Boeing, em 2017, o reaproveitamento de dois jatos 747-8 para uso como Air Force One pelo presidente dos Estados Unidos. As duas aeronaves devem ser entregues até dezembro de 2024, pintadas de vermelho, branco e azul.

O contrato de 3,9 bilhões de dólares seguiu a objeção do presidente norte-americano, Donald Trump, ao preço de 4 bilhões de dólares de um acordo anterior para o Air Force One. Ele twittou que "os custos estão fora de controle" e acrescentou "Cancelar pedido!"