Maiores sanções dos EUA ao petróleo do Irã atingirão Ásia, mas oferta fluirá
Por Henning Gloystein
CINGAPURA (Reuters) - Os compradores asiáticos de petróleo do Irã estão bem posicionados para superar o fim das isenções dos Estados Unidos às sanções aplicadas à República Islâmica, à medida que demonstram que podem viver sem elas e que produtores globais apresentam capacidade para compensar um déficit, de acordo com dados de analistas e do comércio.
Na segunda-feira, os EUA exigiram que compradores de petróleo iraniano paralisem aquisições a partir de maio ou enfrentem sanções, encerrando as isenções de seis meses que permitiam aos oito maiores compradores do produto do Irã, a maioria deles asiáticos, a continuarem importando volumes limitados.
O anuncio vem em meio a um mercado já apertado, conforme a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) e outros grandes produtores, como a Rússia, vêm cortando ofertas desde janeiro para sustentar os preços.
O fim das sanções deve diminuir os embarques iranianos em 900 mil barris por dia (bpd), disse o Goldman Sachs na segunda-feira. Isso é mais que compensável pela capacidade extra "imediatamente disponível" de produtores como Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos (EAU) e Rússia, de cerca de 2 milhões de bpd, podendo chegar a 2,5 milhões de bpd em 2020.
Em um comunicado sobre o fim das isenções, o presidente dos EUA, Donald Trump, disse que seu país, a Arábia Saudita e os Emirados garantiriam o suprimento total aos mercados.
"Os Estados Unidos mais que provaram que são capazes de preencher qualquer lacuna deixada pelas sanções", disse Matt Stanley, corretor da Starsfuel em Dubai.
Mesmo que a produção norte-americana diminua, completou Stanley, "a Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos irão garantir que ampliarão a produção para compensar qualquer perda de oferta a partir do Irã."
Os quatro maiores compradores asiáticos de petróleo iraniano (China, Índia, Japão e Coreia do Sul) aumentaram importações em março e abril, antecipando o fim das isenções. Antes disso, porém, todos os países mostraram que podem reduzir suas aquisições.
Antes das sanções, o Irã era o quarto maior produtor da Opep, com quase 3 milhões de bpd, mas as exportações em abril de 2019 encolheram para cerca de 1 milhão de bpd, de acordo com dados de embarcações e análises da Refinitiv.
(Reportagem de Henning Gloystein em Cingapura, com reportagem adicional de Muyu Xu em Pequim, Jane Chung em Seul e Aaron Sheldrick em Tóquio)
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