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Não há opções fáceis para a China com pressão de guerra comercial com os EUA

15/05/2019 10h02

Por Kevin Yao e Michael Martina

PEQUIM (Reuters) - A China está ficando sem opções para revidar aos ataques dos Estados Unidos sem ferir seus próprios interesses, à medida que Washington intensifica a pressão sobre Pequim para corrigir os desequilíbrios comerciais, desafiando o modelo econômico estatal da China.

A China disse nesta semana que vai impor tarifas mais altas sobre a maioria das importações dos EUA em uma lista revisada de 60 bilhões de dólares em produtos. Essa é uma lista muito menor em comparação com os 200 bilhões de dólares em produtos chineses sobre os quais Washington elevou as tarifas de importação.

Washington também aumentou a pressão em outras frentes, desde atacar empresas de tecnologia da China, como a Huawei e a ZTE, até o envio de navios de guerra pelo estratégico Estreito de Taiwan.

Conforme a pressão aumenta, os líderes chineses estão pressionando para selar um acordo e evitar uma prolongada guerra comercial que arrisca atrasar o desenvolvimento econômico de longo prazo da China, de acordo com pessoas familiarizadas com pensamento chinês.

Mas Pequim está consciente de uma possível reação nacionalista se atender demais aos pedidos de Washington.

Concordar com as exigências dos EUA para acabar com subsídios e isenções fiscais para empresas estatais e setores estratégicos também poderá afetar o modelo econômico estatal da China e enfraquecer o controle do Partido Comunista sobre a economia, disseram eles.

"Ainda temos munição, mas não podemos usar todas", disse uma autoridade, que pediu para não ser identificada devido à sensibilidade do assunto.

"O objetivo é chegar a um acordo aceitável para ambos os lados."

O Gabinete de Informação do Conselho de Estado, o Ministério das Finanças e o Ministério do Comércio não responderam imediatamente aos pedidos de comentários da Reuters.

Das opções de retaliação disponíveis para a China, nenhuma vem sem riscos potenciais.

Desde julho do ano passado, a China impôs cumulativamente tarifas adicionais de retaliação de até 25% sobre 110 bilhões de dólares em mercadorias norte-americanas.

Com base nos dados do comércio do Censo dos EUA de 2018, a China tem apenas cerca de 10 bilhões de dólares em produtos dos EUA, como petróleo e grandes aeronaves, restantes para cobrar impostos em retaliação por quaisquer tarifas futuras dos EUA.

Em contraste, o presidente dos EUA, Donald Trump, está ameaçando com tarifas sobre mais 300 bilhões de dólares em produtos chineses.

Os únicos outros itens que Pequim poderia taxar seriam as importações de serviços dos EUA. Os Estados Unidos tiveram um superávit comercial de serviços com a China de 40,5 bilhões de dólares em 2018.

Mas a China não tem tanta influência sobre os Estados Unidos quanto pode parecer, já que grande parte desse excedente está no turismo e na educação, áreas que seriam mais difíceis para o governo chinês retroceder significativamente, disse James Green, assessor sênior da McLarty Associates, à Reuters.

Mais provavelmente a China deve criar barreiras não-tarifárias sobre os produtos dos EUA, como adiar aprovações regulatórias para produtos agrícolas, disse Green.