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EXCLUSIVO-Pentágono mira oferta de terras raras na África, buscando distanciar-se da China

06/06/2019 12h42

Por Ernest Scheyder e Zandi Shabalala

CHICAGO/LONDRES (Reuters) - O Departamento de Defesa dos Estados Unidos teve conversas com a Mkango Resources, do Malauí, e com outras mineradoras de terras raras pelo mundo sobre a oferta dos estratégicos minerais, como parte de um plano para encontrar reservas fora da China, disse um representante do departamento.

O movimento vem em momento em que a China ameaça restringir exportações para os EUA das terras raras, um grupo de 17 minerais utilizados em uma série de equipamentos militares e eletrônicos de alta tecnologia.

Embora a China tenha apenas um terço das reservas de terras raras do mundo, ela responde por 80% das importações pelos EUA desses minerais, porque controla quase todas as unidades de processamento dos materiais, segundo dados do Serviço Geológico norte-americano.

"Nós estamos procurando por qualquer fonte de oferta fora da China. Nós queremos diversificar. Nós não queremos que um produtor seja a única fonte", disse o engenheiro de materiais da Agência de Defesa Logística do Pentágono, Jason Nie, nos bastidores de um evento em Chicago.

O departamento do Pentágono, que responde pelas compras e armazenamento da maior parte dos suprimentos do órgão de defesa, desde minerais até peças de aviões e zíperes para uniformes, também manteve conversas com a Rainbow Rare Earths, do Burundi, sobre a oferta futura, além de ter se oferecido para apresentar diversos projetos norte-americanos de terras raras sob desenvolvimento a potenciais financiadores, disse Nie.

"Nós podemos fazer conexões", afirmou.

O departamento tem conversas rotineiras com potenciais fornecedores como parte de seus trabalhos, o que não necessariamente resulta em acordos para compras. Ainda assim, o movimento mostra que o Pentágono tem cada vez mais focado na diversificação de oferta de minerais críticos.

Em meio à escalada de uma guerra comercial com os EUA, a China insinuou por meio de sua mídia estatal no mês anterior que poderia restringir vendas de terras raras aos EUA.

Tal medida teria precedentes, uma vez que a China já restringiu exportações de terras raras ao Japão em 2010, após uma disputa diplomática.