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EXCLUSIVO-Deixadas no escuro, autoridades do BCE se dividem sobre opções de estímulo

19/06/2019 09h15

Por Francesco Canepa e Balazs Koranyi

SINTRA, Portugal (Reuters) - As autoridades do Banco Central Europeu se dividiram na terça-feira, com algumas se sentindo imponentes, depois que o presidente Mario Draghi sugeriu novas medidas de estímulo que ainda não foram discutidas pelo Conselho do BCE.

Draghi disse em uma conferência do BCE que o banco central irá afrouxar a política monetária novamente caso a inflação não acelere, afirmando que a possibilidade de novas compras de ativos, corte de juros e mudanças nas orientações do BCE foram "levantadas e discutidas" em uma reunião do Conselho menos de duas semanas atrás.

A declaração pressionou o euro e os rendimentos dos títulos, e irritou o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que acusou Draghi de buscar uma vantagem comercial injusta ao desvalorizar o euro.

Mas conversas com seis fontes durante o simpósio anual do BCE em Sintra, Portugal, mostraram que as autoridades não esperavam uma mensagem tão forte e que não havia consenso sobre o caminho a seguir.

As fontes, que têm conhecimento direto da situação, disseram que a possibilidade de um corte de juros ou nova compra de ativos havia sido apenas mencionada no mês passado, e que não houve discussões substanciais pois o foco estava em um novo pacote de empréstimos.

Entretanto, os mercados não ficaram impressionados com a mensagem de Draghi após a reunião de junho.

Uma nova intensificação da guerra comercial global desde então e uma série de indicadores econômicos ruins também sugeriram que muitos dos riscos já estavam se materializando, forçando Draghi a fortalecer sua mensagem, disse uma das fontes.

De fato, falando na terça-feira, Draghi disse que mais estímulos virão se não houver melhora, uma forte mudança em relação à mensagem de junho de que o BCE agiria no caso de "contingências adversas".

As fontes disseram que as autoridades estavam preocupadas com o fato de Draghi estar sinalizando suas medidas de forma tão forte aos mercados como um "fato consumado", como se não houvesse chance de discordarem na próxima reunião de política monetária em 25 de julho.

Mas eles acrescentaram que, com a intensificação da guerra comercial global e as preocupações financeiras sobre a Itália já altas, havia pouco apetite para uma briga em julho.