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Dólar cai frente ao real com juros dos EUA e Previdência no radar

26/06/2019 10h18

Por Stefani Inouye

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar recuava ante o real nesta quarta-feira, um dia após encerrar em seu maior patamar em uma semana, enquanto agentes do mercado se mantinham atentos aos movimentos externos sobre possíveis cortes na taxa de juros nos EUA e aos trabalhos na comissão especial da reforma da Previdência na Câmara.

Às 10:17, o dólar recuava 0,31%, a 3,8409 reais na venda

Na véspera, o dólar encerrou em alta de 0,69%, a 3,8528 reais. Foi o maior nível desde 18 de junho (3,8597 reais) e a maior valorização desde o último dia 14 (1,16%), após o Federal Reserve sinalizar que os juros nos Estados Unidos podem não cair tão rapidamente quanto o esperado.

Neste pregão, o dólar futuro tinha queda de cerca de 0,15%.

As expectativas quanto ao encontro entre os presidentes da China e EUA na cúpula do G20 no Japão permaneciam no radar, já que esta será a primeira vez em sete meses que Donald Trump e Xi Jinping se encontrarão presencialmente para discutir a deterioração dos laços entre as duas maiores economias do mundo.

Mas as perspectivas de progresso parecem escassas, já que nenhum dos dois lados cedeu depois que as negociações foram interrompidas em maio.

"O mercado está esperando para ver a evolução disso (das negociações), já que é difícil ter uma perspectiva clara do que vai acontecer", disse Camila Abdelmalack, economista da CM Capital Markets.

O secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Steven Mnuchin, afirmou mais cedo que o acordo comercial entre os dois países estava "cerca de 90%" completo.

Mais tarde, Trump disse que vai adotar tarifas adicionais sobre a China se ele não alcançar um acordo comercial com o líder chinês.

Apesar de ter deixado aberta a possibilidade de que os dois líderes possam fechar um acordo para evitar mais tarifas no encontro, o fato de Trump ser um grande defensor de baixas taxas de juros levanta um questionamento sobre suas intenções de chegar a um acordo tão cedo, já que o cenário de conflito com a China favorece a imposição de medidas de afrouxamento monetário, afirmou Camila.

"É uma situação de alta volatilidade. Ele sabe que se mantiver essa disputa com a China, as pressões sobre o Fed aumentarão e as chances dele conseguir o que quer também."

No cenário doméstico, a retomada dos trabalho na comissão especial da reforma da Previdência se mantinha no radar dos investidores. O presidente do colegiado, deputado Marcelo Ramos (PL-AM), afirmou no dia anterior que o objetivo é encerrar as discussões e proporcionar a leitura de uma complementação ao parecer da proposta.

No entanto, a expectativa é que a votação do texto fique para a próxima semana, já que ainda restam 47 parlamentares inscritos para falar, além das falas regimentais dos líderes, que podem ocorrer a cada reunião, segundo a Agência Câmara.

Ramos afirmou que não haverá grandes prejuízos ao calendário de votação da proposta pelo plenário da Câmara, mesmo que seja aprovado um requerimento de adiamento da discussão. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, minimizou na véspera o eventual atraso na votação da proposta e afirmou que "um dia ou dois" não fariam diferença se pudesse ser construído um acordo que inclua Estados e municípios.

"Existe uma apreensão quanto à agenda por conta da urgência da pauta para a economia doméstica, mas não temos nenhuma sinalização de que a reforma não vai passar e isso é positivo", disse Camila.

O BC realiza nesta sessão leilão de até 5,05 mil swaps cambiais tradicionais, correspondentes à venda futura de dólares, para rolagem do vencimento de julho, no total de 10,089 bilhões de dólares.

Também nesta quarta-feira, o BC realizará oferta de até 1 bilhão de dólares em leilão de venda de moeda com compromisso de recompra, operação que pode injetar recursos novos no mercado. O acolhimento das propostas do leilão será entre 10h20 e 10h25.