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Macron alerta que não assinará acordo com Mercosul caso Brasil deixe pacto climático

27/06/2019 09h25

PARIS (Reuters) - O presidente francês, Emmanuel Macron, afirmou nesta quinta-feira que não assinará nenhum acordo comercial com o Brasil caso o presidente Jair Bolsonaro saia do acordo climático de Paris, ameaçando colocar em risco os trabalhos de negociações comerciais entre UE e Mercosul.

As negociações da UE com o grupo do Mercosul, que abarca Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai, o quarto maior bloco comercial do mundo, se intensificaram, com Bolsonaro dizendo este mês que um acordo poderia ser assinado “logo”, enquanto a UE o chamou de “prioridade número um”.

No entanto, a irritação da União Europeia em relação ao aumento de importações de carne e a hesitação do Mercosul sobre abertura de alguns setores industriais, como o automotivo, fizeram prazos anteriores para um acordo serem descumpridos. Se um acordo estiver perto, está além do alcance.

A França em particular está preocupada com o impacto sobre sua vasta indústria de agricultura de importações sul-americanas, que não teriam que respeitar as estritas regulações de meio ambiente da UE.

“Se o Brasil deixar o acordo de Paris, até onde nos diz respeito, não poderemos assinar o acordo comercial com eles”, disse Macron a jornalistas no Japão, antes da reunião do G20. “Por uma simples razão. Estamos pedindo que nossos produtores parem de usar pesticidas, estamos pedindo que nossas companhias produzam menos carbono, e isso tem um custo de competitividade”, disse ele.

“Então não vamos dizer de um dia para o outro que deixaremos entrar bens de países que não respeitam nada disso”, acrescentou o presidente francês.

Mais cedo neste ano, a França votou contra a abertura de negociações comerciais entre a UE e os Estados Unidos por conta da decisão de Washington de deixar o acordo climático de Paris.

No entanto, a medida francesa não bloqueou a abertura de negociações comerciais porque a maioria necessária de membros da UE a apoiou. Não está claro se a França seria capaz de levar outros países do bloco a votarem contra o acordo do Mercosul.

(Por Michel Rose)