CORREÇÃO-Vice-presidente financeiro da Caixa leva cultura da Faria Lima para banco estatal
(Corrige designação de executivo para vice-presidente financeiro, não diretor financeiro)
Por Tatiana Bautzer e Carolina Mandl
SÃO PAULO (Reuters) - O veterano executivo de bancos de investimento André Laloni, que fez carreira em bancos como Goldman Sachs e UBS
Mas quatro meses depois de sua nomeação, o executivo de 46 anos tornou a Caixa onipresente na avenida Faria Lima, epicentro dos grandes negócios fechados pelos bancos de investimento no país.
A Caixa está tomando a dianteira entre os bancos estatais, sob forte pressão para vender ativos e devolver recursos ao governo federal, imprimindo um ritmo bem mais rápido ao seu programa de desinvestimentos do que o Banco do Brasil
Laloni está tocando vários negócios ao mesmo tempo, entre ofertas subsequentes de ações em empresas onde a Caixa ou fundos que o banco administra têm participações, IPOs e vendas de participações ou parcerias em suas subsidiárias, enquanto tenta criar uma subsidiária que se chamará Caixa BI.
Laloni assumiu seu primeiro cargo público animado com a oportunidade de deixar mudanças duradouras na redução do tamanho do Estado e da burocracia.
"Nós sabemos que estamos aqui por um período limitado de tempo, mas o que nos atraiu foi a ideia de deixar um legado", disse Laloni durante uma entrevista à Reuters em São Paulo.
Para tocar seus negócios além das tarefas de vice-presidente financeiro, Laloni chega a trabalhar 16 horas por dia e quase todos os fins de semana. Alguns funcionários que foram transferidos para a divisão de banco de investimento e que não estavam acostumados a longas jornadas pediram para sair, segundo Laloni, mas ele avalia que as equipes que vieram de fora e recrutadas dentro da Caixa não têm tido choques culturais.
Até agora, Laloni supervisionou ofertas que arrecadaram cerca de 10 bilhões de reais, incluindo as participações no ressegurador IRB Brasil
Laloni espera que o volume total atinja 15 bilhões de reais até o final de julho, com as vendas adicionais de participações no Banco do Brasil e na empresa de energia Alupar
No segundo semestre, Laloni, que tem um MBA da Universidade de Virginia, nos Estados Unidos, espera focar na criação de joint ventures e assinatura de acordos comerciais pela Caixa Seguridade, preparando a divisão para um IPO. Essas transações dobrariam o total movimentado para 30 bilhões de reais até o fim do ano, estima Laloni.
Algumas das ofertas de ações estão sendo vendidas pela Caixa aos clientes de suas mais de 4 mil agências, como ocorreu com a oferta da Petrobras.
A onda de desinvestimentos dará à Caixa pela primeira vez na história um lugar nos rankings de operações de banco de investimento. Logo após a oferta da Petrobras, a Caixa chegou ao quinto lugar no ranking de equities da Refinitiv.
A Caixa usará o total arrecadado para pagar empréstimos com o Tesouro Nacional. O novo time reunido por Laloni tem 30 pessoas, das quais cinco vieram do setor privado, incluindo do Barclays, onde ele trabalhou por seis anos, e os outros 25 são funcionários de carreira da Caixa.
Depois de começar a carreira no banco UBS em Nova York, Laloni trabalhou no Itaú Unibanco
O convite para a vice-presidência financeira da Caixa veio do presidente do banco, Pedro Guimarães, em meio à estratégia do presidente Jair Bolsonaro de mudar totalmente a
gestão dos bancos estatais. Laloni já tinha um bom relacionamento com Guimarães, depois de ter trabalhado com ele em alguns negócios. A ideia de levar o conhecimento do setor privado para a Caixa o entusiasmou.
Embora não haja planos para listar a Caixa no mercado, o banco vem divulgando balanços como se fosse uma empresa listada. "Quero que a Caixa seja transparente, teremos subsidiárias listadas", disse Laloni.
A médio prazo, a Caixa também considera vender sua participação no Banco Pan
Laloni também espera que a Caixa ajude o Ministério da Economia a desenhar outras privatizações de empresas estatais nos próximos anos. Mesmo quando a venda de ativos estatais se reduzir, ele vê uma oportunidade de oferecer a empresas médias serviços como venda de debêntures ou outras operações de mercado de capitais.
"Mudar a cultura de um país nunca é fácil", disse Laloni a uma plateia de investidores institucionais durante um evento do road-show da oferta da Petrobras em Nova York, no qual respondeu perguntas sobre o andamento da reforma da Previdência e defendeu a agenda de desestatização do ministro da Economia, Paulo Guedes. "Estamos muito focados e avançando rápido."
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