Dólar tem maior queda para junho em 3 anos, puxado por otimismo com reformas e Fed
Por José de Castro
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar subiu nesta sexta-feira, mas acumulou ao longo de junho a maior queda para o mês em três anos, na esteira de uma maior confiança na aprovação da reforma da Previdência e da expectativa de aumento de liquidez no mundo a partir de cenário de cortes de juros nos Estados Unidos.
Nesta sexta-feira, o dólar à vista fechou em alta de 0,21%, a 3,841 reais na venda. Na semana, a cotação ganhou 0,45%.
Mas o dólar cedeu 2,13% em junho --primeira e maior queda mensal desde janeiro (-5,57%). Para meses de junho, é a maior baixa desde 2016 (-11,05%).
No segundo trimestre, o dólar acumulou depreciação de 1,90%. Na primeira metade do ano, a baixa foi de 0,87%.
Depois de um mês de janeiro de firme baixa, o dólar tomou fôlego até meados de maio, puxado pelo recrudescimento de incertezas sobre a agenda de reformas no Brasil.
Mas a partir de então governo e Congresso passaram a emitir mensagens mais alinhadas sobre a reforma da Previdência, o que permitiu forte descompressão de risco no mercado cambial. Esse movimento se intensificou em junho, à medida que estrangeiros desmontaram posições compradas em dólar.
Segundo Moises Beida, gestor multimercado da SRM Asset, o investidor estrangeiro se desfez de 4,405 bilhões de dólares em posições a favor do dólar nesta semana, derrubando a posição comprada desse grupo de agentes a 28,71 bilhões de dólares, a mais baixa deste ano.
A venda de dólares pelos estrangeiros reflete ainda a percepção de que a moeda norte-americana pode sofrer pressão global de baixa caso o Federal Reserve confirme expectativa de corte de juros nos EUA.
Juros mais baixos nos EUA melhoram a relação risco/retorno para aplicações em ativos de mercados mais arriscados, como os emergentes, o que pode estimular entrada de capital para o Brasil, por exemplo. Com isso, há aumento da oferta de dólar, o que tende a reduzir o preço da moeda.
Mas alguns analistas já ponderam que o dólar se encontra próximo do que seria um patamar "justo", o que limitaria o espaço para mais desvalorização à frente.
"Aumentamos a exposição ao dólar de neutro para acima do neutro em nossa alocação de ativos táticos", disse Ronaldo Patah, estrategista de mercados emergentes do UBS. "Acreditamos que o real está próximo de seu valor justo e essa posição ajuda a proteger-se contra riscos no portfólio", concluiu em nota a clientes.
O BofA diz que o real perdeu o posto de moeda preferida nos mercados emergentes para o zloty polonês. De acordo com estrategistas do banco, a posição em real caiu para 1,10% "acima da média do mercado" em maio (dado mais recente), ante 1,31% no fim de abril.
"(Porém) ainda acreditamos que o real terá desempenho melhor que, por exemplo, o peso mexicano, conforme o governo faz novos progressos na reforma da Previdência", finalizaram estrategistas do BofA em relatório.
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