Fed descreve mercado de trabalho como forte e inflação fraca como "transitória"
Por Howard Schneider
WASHINGTON (Reuters) - O crescimento econômico dos Estados Unidos continuou "em ritmo sólido" no primeiro semestre, embora tenha se enfraquecido nos últimos meses, à medida que as tarifas mais altas reduziram o comércio global e o investimento empresarial enfraqueceu, disse o Federal Reserve nesta sexta-feira em seu relatório semestral ao Congresso.
O banco central dos EUA repetiu sua promessa de "agir como apropriado" para sustentar a expansão econômica, com possíveis cortes nas taxas de juros nos próximos meses, mas disse que o mercado de trabalho "continuou a se fortalecer" até agora neste ano e descreveu recentes leituras fracas de inflação como decorrentes de "influências transitórias" e não de uma economia que perde vigor.
"A atividade econômica se expandiu a um ritmo sólido no início de 2019", com o firme consumo das famílias compensando o fraco investimento das empresas e os crescentes riscos de uma desaceleração do comércio relacionados às tarifas, disse o Fed em uma de suas avaliações mais explícitas até agora sobre como as tarifas do governo do presidente Donald Trump têm afetado a economia.
As tarifas impostas pelos Estados Unidos e por alguns de seus parceiros comerciais, combinadas com a incerteza em torno da política comercial, provavelmente foram "substanciais" para a forte desaceleração do crescimento da atividade manufatureira no ano passado, disse o Fed em uma seção separada do relatório sobre manufatura global.
O Fed descreveu a fraqueza em recentes índices de inflação como motivada por "fatores idiossincráticos". Isso, junto com o forte relatório de emprego norte-americano divulgado nesta sexta-feira, pode alimentar leitura do mercado de que o Fed até pode reduzir os juros nas próximas semanas, mas num ritmo mais lento.
O mercado de trabalho norte-americano criou 224 mil novos postos de trabalho fora do setor agrícola no mês passado, o maior número em cinco meses, disse o governo. [nL2N2460C8] O resultado levou investidores a fortalecer apostas de que o Fed reduzirá a taxa básica de juros no fim deste mês em apenas 0,25 ponto percentual.
O chairman do Fed, Jerome Powell, irá ao Congresso na semana que vem para seu depoimento semestral sobre o estado da economia e deve explicar se sente que os últimos dados econômicos justificam um corte na taxa que muitos esperam agora.
O banco central tem estado sob pressão de investidores e, talvez mais notavelmente, do presidente Donald Trump e outros no governo para cortar as taxas de juros. Trump argumenta que o atual patamar de juros está desnecessariamente pressionando a economia dos EUA.
As autoridades do Fed dizem que as altas de juros até o final do ano passado foram uma precaução adequada contra a inflação ou bolhas do setor financeiro que poderiam ser mais prejudiciais à recuperação dos EUA do que os juros, que seguem em patamares ainda baixos para padrões históricos.
Mas o sentimento começou a mudar entre as autoridades do Fed em maio, depois que a política comercial de Trump passou, na opinião de muitos analistas, a minar a confiança econômica global e dos EUA, os investimentos das empresas e, em última instância, o crescimento.
As autoridades do Fed agora parecem preparadas para cortar as taxas em até 0,5 ponto percentual até o final do ano, começando na próxima reunião do Fomc, nos dias 30 e 31 de julho.
(Por Howard Schneider)
((Redação São Paulo, +5511 5644 7757)) REUTERS JCG IV
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