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Dallagnol recusa convite e não comparecerá a comissão da Câmara

08/07/2019 20h58

Por Lisandra Paraguassu

BRASÍLIA (Reuters) - O procurador da República Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa da Lava Jato, negou nesta segunda o convite da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados para falar sobre as supostas trocas de mensagens com o então juiz Sergio Moro, hoje ministro da Justiça e Segurança Pública, sobre processos e investigações da operação.

Em ofício enviado ao presidente da comissão, deputado Hélder Salomão (PT-ES), o procurador alega que tem por "função constitucional" desempenhar "trabalho de natureza técnica perante o Judiciário, outro Poder", e por isso acredita ser importante manter suas manifestações na área técnica.

"Diante disso, muito embora tenha sincero respeito e profundo apreço pelo papel do Congresso Nacional nos debates de natureza política que realiza e agradeça o convite para

neles participar, acredito ser importante concentrar na esfera técnica minhas manifestações sobre mensagens de origem criminosa, cuja veracidade e autenticidade não reconhecemos, e que vêm sendo usadas para atacar a operação Lava Jato", diz o ofício encaminhado pelo procurador.

Uma série de supostas mensagens trocadas entre Dallagnol, Moro e outros procuradores da força-tarefa da Lava Jato vêm sendo publicados pelo site Intercept Brasil, que afirma ter recebido de uma fonte anônima um arquivo com milhares de textos, vídeos e áudios das comunicações do grupo. Recentemente, o material foi compartilhado também com o jornal Folha de S.Paulo e a revista Veja.

Os textos publicados até agora indicam o que seria uma participação de Moro nas investigações, com sugestões de ações e até indicações de testemunhas, o que levou a críticas de parcialidade ao juiz e à força-tarefa.

A comissão aprovou na semana passada um convite ao procurador para falar sobre o caso, por isso há espaço para o Dallagnol declinar de comparecer à comissão. Com a negativa, no entanto, o convite pode ser transformado em uma convocação, caso a comissão consiga aprová-la, o que obrigaria o procurador a comparecer.

FÉRIAS

Também envolvido na crise do vazamento de mensagens, o ministro da Justiça sai de licença não remunerada na semana que vem. Segundo sua assessoria, a licença para tratar de assuntos particulares foi concedida pelo presidente Jair Bolsonaro porque o ministro não tem direito a férias por ter começado a trabalhar apenas em janeiro.

(Reportagem de Lisandra Paraguassu)