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Depois de Bolsonaro defender exclusão de policias da reforma, porta-voz diz que decisão é de deputados

09/07/2019 20h07

BRASÍLIA (Reuters) - Apesar da declaração do presidente Jair Bolsonaro, de que o governo estaria negociando a retirada das forças federais de segurança do texto da reforma da Previdência, o porta-voz da Presidência, Otávio do Rêgo Barros, afirmou nesta terça-feira, repetidas vezes, que as definições finais da reforma serão feitas pelos deputados.

Segundo o porta-voz, a "confiança do presidente nos congressistas é grande" e que as decisões serão tomadas em "discussões propositivas" dos parlamentares.

Mais cedo, ao sair de um evento, Bolsonaro afirmou que os líderes do governo estavam negociando um destaque para retirar as "forças de segurança pública" do texto da reforma, que deve começar a ser votado na noite desta terça. Segundo o presidente, seria elaborado uma projeto de lei complementar sobre a Previdência dos policiais.

"Pelo que tudo indica, que chegou ao meu conhecimento é que essas classes --da segurança pública-- deverão sair da PEC e deverão compor uma lei complementar tão logo seja promulgada essa PEC", disse Bolsonaro.

Segundo o porta-voz, o presidente "tem preocupação não de agora de atender aquelas categorias da área de segurança que ele tem uma ligação mais afetiva e mais que isso, que conhece com profundidade as vicissitudes dessa categoria", mas que é importante a aprovação da Previdência e todos terão que dar sua cota de sacrifício.

Perguntado diversas vezes sobre o que o presidente quis dizer, o porta-voz se limitou a repetir que "o presidente entende que as definições finais serão tomadas com as discussões propositivas dos deputados e conduzidas pela firme e segura liderança de Rodrigo Maia quando da votação no plenário".

"O que vier a ser apresentado nesse momento está sob o condão dos deputados. Fica difícil fazer o enlace entre as palavras do presidente e o que está sendo apresentado na Câmara. Isso passou a ser responsabilidade dos deputados", disse o porta-voz.

Rêgo Barros também foi questionado mais de uma vez sobre que forças de segurança a que o presidente se referia e, depois de dizer que não convinha ao governo neste momento identificar pontualmente categorias, acabou admitindo que a preocupação de Bolsonaro é relacionada aos servidores federais.

"O presidente não trata de policiais militares e tampouco de policiais civis", disse.

Policiais federais e rodoviários federais têm criticado duramente o governo pela maneira que são afetados pela reforma, e cobram uma equiparação com a reforma dos militares --que foram excluídos do texto da Proposta de Emenda à Constituição. Em protestos, chegaram a chamar Bolsonaro de traidor.

O presidente defendeu mais de uma vez nos últimos dias um tratamento diferenciado aos policiais, mas até agora não houve acordo.

(Reportagem de Lisandra Paraguassu)