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FMI prevê crescimento fraco na zona do euro por período prolongado e pede estímulos ao BCE

11/07/2019 11h57

Por Francesco Guarascio

BRUXELAS (Reuters) - A economia da zona do euro enfrenta crescentes riscos devido às tensões comerciais, Brexit e Itália, disse o Fundo Monetário Internacional (FMI) nesta quinta-feira em relatório anual, no qual também apoiou os planos do Banco Central Europeu (BCE) de oferecer mais estímulo.

No relatório --o último antes de o organismo deixar de ser chefiado por Christine Lagarde, em novembro, para comandar o BCE--, o FMI disse que os planos do banco central de manter a política monetária expansionista são "vitais", já que o bloco enfrenta "um período prolongado de crescimento e inflação anêmicos".

O documento também afirmou que o euro permanece ligeiramente desvalorizado apesar de ter se fortalecido no ano passado, confirmando reportagem da Reuters publicada no mês passado. O relatório exortou países com grandes superávits comerciais, incluindo Alemanha e Holanda, a investirem mais para ajudar a reequilibrar a taxa de câmbio.

O crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) dos 19 países que compõem o bloco desacelerará para 1,3% neste ano, de 1,9% em 2018, previu o Fundo. Em 2020, o ritmo de expansão deverá acelerar para 1,6%.

As previsões do FMI se mostraram ligeiramente melhores do que as divulgadas na quarta-feira pela Comissão Europeia, braço executivo da União Europeia (UE), que estimou crescimento para zona do euro em 1,2% neste ano e 1,4% em 2020.

No entanto, o FMI, com sede em Washington, vê riscos crescentes oriundos de tensões no comércio global, incerteza causada pelo caminho pouco claro do Reino Unido no processo de saída da UE e vulnerabilidade da Itália decorrente de sua alta dívida, grande parte da qual detida por bancos domésticos.

Embora os rendimentos dos títulos da Itália tenham caído recentemente, segundo o relatório, uma mudança no sentimento do mercado não pode ser descartada. Isso pode forçar o governo antiausteridade da Itália a adotar um "aperto fiscal acentuado" mesmo que o crescimento diminua, com riscos de contaminação para outros países da zona do euro, disse o Fundo, confirmando notícia da Reuters no mês passado.

O FMI previu ainda que a inflação permanecerá longe da meta do BCE de quase 2% pelo menos até 2022 e estimou taxa de 1,3% neste ano, em linha com as estimativas do banco central da zona do euro.

"O fracasso no cumprimento das metas de inflação (para baixo) exige política monetária expansionista por um tempo prolongado", disse o Fundo, saudando os planos do BCE de manter sua política de oferta de dinheiro barato.

No caso de piora das expectativas de inflação, o FMI disse que mais acomodação na política monetária pode ser necessária e poderia incluir um novo programa de compra de ativos.

As novas aquisições precisariam manter a mesma distribuição entre os países da zona do euro e poderiam ser ampliadas para um conjunto maior de ativos elegíveis, disse o Fundo.

Considerando que "pode ​​haver apenas espaço limitado para reduzir as taxas de juros", o FMI não descartou novas medidas de estímulo, "como novas e mais baratas linhas de liquidez para os bancos".

(Reportagem de Francesco Guarascio)