Cemig e Celesc avaliam alternativas para financiar expansão de usinas após leilão
Por Luciano Costa
SÃO PAULO (Reuters) - As estatais de energia Cemig e Celesc estão avaliando alternativas para financiar investimentos na ampliação de duas de suas pequenas hidrelétricas, após terem vendido a produção futura dos empreendimentos em leilão realizado pelo governo brasileiro no mês passado, disseram as empresas à Reuters.
No leilão, o chamado A-4, que contratou usinas para entrada em operação a partir de 2023, a Celesc comprometeu-se a elevar em 8,3 megawatts (MW) a capacidade da usina Celso Ramos, em Santa Catarina, que hoje tem cerca de 5,6 MW. Já a Cemig vendeu a energia de uma expansão em 20,8 MW da pequena usina Poço Fundo, em Minas Gerais, que possui 9,16 MW.
Controlada pelo governo mineiro, a Cemig prevê um investimento de cerca de 143 milhões de reais em seu projeto, enquanto a Celesc, que pertence ao governo de Santa Catarina, estima um orçamento de 40 milhões de reais.
"Alguns meses atrás fizemos sondagens para o mercado e vimos que para esse montante de 40 milhões estava bem disponível... Devemos lançar, provavelmente, debêntures de infraestrutura. Estamos fazendo exercícios, mas trabalhamos com a hipótese de financiar 100% (do aporte previsto)", disse o diretor de Geração, Transmissão e Novos Negócios da Celesc, Pablo Cupani Carena.
Ele afirmou ainda que a empresa já assinou ordem de serviço para a obra, com a intenção de acelerar os trabalhos. A Celesc busca concluir a ampliação da usina no início de 2021, para vender a produção adicional no mercado livre de eletricidade, aumentando o retorno do empreendimento.
"A obra é bastante enxuta, é uma usina que já existe, e conseguimos uma tarifa muito boa no leilão, quase superando um pouco nossa estimativa... temos condição de fazer uma boa captação financeira, dinheiro barato", afirmou o executivo, sem mencionar números.
Já a Cemig chegou a considerar realizar as obras de sua usina com recursos próprios, mas agora tem avaliado outras hipóteses.
"Após o êxito no leilão, a companhia, no momento, avalia alternativas e oportunidades disponíveis no mercado para eventual financiamento da obra", disse a elétrica mineira, em nota.
A companhia afirmou ainda que trabalha no momento com um cronograma que prevê o acionamento da primeira máquina da expansão em meados de junho de 2022, o que também representaria antecipação frente à obrigação contratual, janeiro de 2023.
"Em processo licitatório já concluído, foi contratada a Construtora GS Souto Engenharia para execução das obras", acrescentou a companhia.
Na Celesc, por sua vez, a implementação da expansão vendida no certame ficará por conta de um consórcio formado por Construtora Fraga, Hacker Industrial e Automatic, com a segunda fornecendo turbinas e a terceira sendo responsável por geradores e painéis elétricos.
MAIS PROJETOS
A Celesc trabalha ainda em mais dois projetos que envolveriam a ampliação de usinas existentes que fazem parte de seu portfólio. A empresa aguarda licenças ambientais para os empreendimentos, que provavelmente poderão ser inscritos em um leilão A-4 previsto para 2020, segundo o diretor de Novos Negócios.
Ele afirmou que uma das iniciativas seria a ampliação da usina de Salto, em Blumenau (SC), para 29,3 MW, de 6,3 MW atuais, enquanto outro envolveria a reativação da pequena hidrelétrica Maruim, de 1 megawatt, originalmente inaugurada em 1910.
"Essa usina tem um grande valor histórico para a Celesc. Estamos trabalhando para ter as licenças... calculamos que provavelmente no próximo A-4, ano que vem, teremos condições de participar", disse Carena.
Em paralelo, segundo ele, a Celesc tem avaliado a possibilidade de buscar mais projetos de transmissão em leilões do governo e de entrar no mercado de energia solar. Na geração solar, o executivo afirmou que há estudos em andamento, com possibilidade de definições "nos próximos meses".
(Por Luciano Costa)
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