Engie avalia oportunidades no Brasil antes de decisão sobre dividendos, diz CEO
SÃO PAULO (Reuters) - A Engie Brasil Energia
A elétrica, controlada pela francesa Engie
A companhia já tem previsto pagamento em setembro de dividendos intermediários e complementares referentes ao exercício de 2018.
"Estamos pagando em setembro, e a gente achou que não tinha necessidade de deliberar agora, a gente tem oportunidades no mercado para considerar, e ganhamos um tempo para fazer uma estratégia consistente para os dividendos para o ano de 2019", afirmou Sattamini, reiterando que "não existe mudança de estratégia" sobre os proventos.
Em resposta a pergunta de um analista, Sattamini afirmou que a Engie tem interesse em eventuais negócios para expansão em geração de energia e em infraestrutura de transmissão de eletricidade ou no setor de gás natural.
"Estudamos oportunidades em vários desses segmentos e aí vamos ver a melhor alocação, dentro dessa estratégia", afirmou ele, sem detalhar.
A companhia, que aumentou fortemente os investimentos nos últimos três anos, viu a dívida líquida crescer 83,6% desde junho de 2018, para 11,3 bilhões de reais, em meio à captação de financiamentos para bancar projetos em andamento.
Com isso, a relação entre dívida líquida e geração de caixa avançou para 2,6 vezes, ante 1,6 vez em 2018.
"É natural de um ciclo de crescimento, (a empresa) está crescendo e investindo, aproveitando para se alavancar. Tínhamos nível de endividamento muito baixo e agora atingimos um endividamento que a gente considera 'de cruzeiro'", afirmou Sattamini.
"Isso não quer dizer que a gente não vai continuar crescendo, nós vamos encontrar maneiras... existem oportunidades no mercado a serem capturadas. Esperamos ter notícias até o final do ano", acrescentou.
Os investimentos da Engie devem alcançar um recorde de 5,6 bilhões de reais neste ano, contra 3,45 bilhões em 2018 e 5,5 bilhões em 2017.
Sattamini destacou ainda que a empresa será beneficiada nos próximos trimestres com uma geração de caixa maior proveniente da TAG, empresa de gasodutos recém-comprada junto à Petrobras, e do complexo eólico Umburanas, cujas obras foram concluídas há pouco tempo.
"A TAG só contribuiu com 18 dias (para o balanço do segundo trimestre)....e Umburanas a gente acabou a construção no final de abril, ainda não teve a possibilidade de trazer toda contribuição desse parque", explicou.
Ele destacou ainda que a Engie tem buscado ampliar seus negócios no mercado livre de eletricidade, no qual grandes consumidores negociam contratos diretamente com geradores e comercializadoras.
O número de clientes da elétrica nesse ambiente saltou 66% na comparação anual, para 569 empresas, se considerados grupos econômicos, e não unidades consumidoras.
Segundo o CEO, essa expansão é uma preparação da companhia para um mercado de energia "muito mais pulverizado" que deve surgir como resultado de reformas regulatórias para o setor elétrico atualmente em discussão no governo.
(Por Luciano Costa)
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