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Pessimismo global leva Ibovespa a ter maior queda desde março

14/08/2019 17h09

Por Peter Frontini

SÃO PAULO (Reuters) - O principal índice acionário brasileiro teve a maior queda diária desde março nesta quarta-feira, impactado pelo pessimismo global diante de dados econômicos ruins e de preocupações com a guerra comercial entre Estados Unidos e China.

O Ibovespa caiu 2,94%, a 100.258,01 pontos, maior queda diária desde 27 de março. O giro financeiro somou 40,3 bilhões de reais, já somados o volume movimentado com vencimento de opções do Ibovespa e de índice futuro.

Dados de China e da Alemanha trouxeram apreensão sobre o efeito do embate comercial na atividade mundial, com a produção industrial chinesa desacelerando em julho para uma mínima em mais de 17 anos e o PIB alemão encolhendo no segundo trimestre.

A taxa do Treasury de dois anos ficou brevemente acima do "yield" do papel de dez anos, o tipo de "inversão" que, quando persistente, precede recessões nos EUA.

Economistas do Morgan Stanley calculam que o crescimento global desacelere para 2,8% ao ano no final de 2019 se as tarifas anunciadas recentemente entrarem em vigor e permaneça entre 2,8%-3% ao ano no primeiro semestre de 2020.

De acordo com a equipe do banco norte-americano, o limiar de uma recessão global é um crescimento de 2,5%.

Na Argentina, outro foco de tensão recente, o presidente Mauricio Macri anunciou medidas para aliviar a situação econômica após o estresse decorrente do ambiente eleitoral. Macri disse que conversou com o rival Alberto Fernández, que expressou disposição em manter os mercados calmos em caso de eventual transferência de poder.

Em Brasília, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado definiu nesta quarta-feira uma série de audiências públicas para discutir a reforma da Previdência e também decidiu, a pedido dos senadores, dar andamento ao debate sobre a reforma tributária que tramita no colegiado.

No noticiário corporativo, o mercado aguarda a divulgação dos resultados trimestrais de JBS, NATURA e VIA VAREJO, além de outras empresas do índice como ULTRAPAR após o fechamento dos mercados.

DESTAQUES:

- KROTON desabou 11,55%, após balanço do segundo trimestre, com resultados aquém das expectativas, bem como aumento na taxa de evasão dos alunos. O grupo reportou lucro líquido ajustado de 266,7 milhões de reais. Executivos da companhia, porém, reiteraram em teleconferência com analistas que a empresa vai cumprir previsões de desempenho em 2019 divulgadas mais cedo neste ano após eventos não recorrente no segundo trimestre. [nL2N25A0UG]

- EMBRAER perdeu 5,85%, após surpreender analistas e fechar o segundo trimestre com lucro líquido de 7,2 milhões de dólares, mas manteve previsão de terminar o ano no vermelho.

- VALE caiu 3,48%, contaminada pelo cenário externo negativo, apesar da alta dos preços do minério de ferro na China. Papéis de siderúrgicas também sofriam, com CSN cedendo 4,14% e USIMINAS PNA caindo 4,89%.

- PETROBRAS PN desvalorizou-se 3,37%, pressionada pelo forte declínio dos preços do petróleo no mercado externo, após dados econômicos globais fracos e crescimento inesperado nos estoques da commodity nos EUA.

- ITAÚ UNIBANCO PN e BRADESCO PN caíram 2,2% e 1,96%, respectivamente. A exceção foi BANCO INTER que subiu 6,67%.

- VIA VAREJO perdeu 4,14%, antes da divulgação do balanço previsto para após o fechamento do mercado. A rival MAGAZINE LUIZA caiu 2,38%.

- QUALICORP recuou 2,69%, um dia após divulgar balanço do segundo trimestre com lucro líquido de 110,1 milhões de reais, um aumento de 25% em relação ao obtido em igual etapa de 2018.