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Irã diz que vias marítimas não terão mesma segurança se suas vendas de petróleo forem zeradas

21/08/2019 12h57

GENEBRA (Reuters) - Se as exportações de petróleo do Irã forem reduzidas a zero, as vias marítimas internacionais não terão a mesma segurança de antes, disse o presidente iraniano nesta quarta-feira, em um alerta ao governo norte-americano, que tem pressionado Teerã em meio a um conflito entre os países, rivais de longa data.

O comentário do presidente Hassan Rouhani coincide com uma fala do ministro iraniano de Relações Exteriores, Mohammad Javad Zarif, de que o governo do país poderia agir de maneira "imprevisível" em resposta a políticas também imprevisíveis dos EUA sob o presidente Donald Trump.

"As potências mundiais sabem que caso o petróleo seja completamente sancionado e as exportações de petróleo do Irã sejam levadas a zero, as vias marítimas internacionais não poderão ter a mesma segurança de antes", disse Rouhani, durante encontro com o aiatolá Ali Khamenei, segundo o site oficial do aiatolá.

"Então, a pressão unilateral contra o Irã não pode ser uma vantagem para eles, e não vai garantir sua segurança na região e no mundo."

Tensões entre Teerã e Washington têm crescido desde que o governo Trump decidiu no ano passado deixar um acordo internacional que visava conter as ambições nucleares do Irã e passou a aumentar sanções contra o país. Autoridades iranianas têm denunciado as punições como uma "guerrilha econômica".

Em discurso no Instituto Internacional de Pesquisa pela Paz em Estocolmo, Zarif pareceu ecoar o tom de Rouhani.

"A imprevisibilidade mútua levará ao caos. O presidente Trump não pode esperar ser imprevisível e esperar que outros sejam previsíveis. A imprevisibilidade levará a uma imprevisibilidade mútua e a imprevisibilidade é caótica", disse Zarif.

O comércio global de commodities foi abalado nos últimos meses por uma série de ataques a navios mercantes internacionais, que os Estados Unidos atribuíram ao Irã, e à apreensão de um navio-tanque britânico. O governo iraniano negou as acusações.

(Por Babak Dehghanpisheh; com reportagem adicional de Simon Johnson em Estocolmo, Tuqa Khalid em Dubai e Kate Holton em Londres)