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Em meio à crise das queimadas, ministros e assessores presidenciais alimentam rixa com europeus

23/08/2019 20h27

Por Lisandra Paraguassu

BRASÍLIA (Reuters) - Em meio à crise causada pelo aumento das queimadas na Amazônia, ministros e auxiliares do presidente Jair Bolsonaro ajudaram a esquentar os ânimos ao reforçar críticas a países europeus e reclamações sobre ameaças à soberania nacional.

Em entrevista à rádio Gaúcha nesta sexta-feira, o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, disse que o Brasil está diante de um "ataque especulativo europeu".

"O que estamos vendo é um ataque internacional ao Brasil", bradou Onyx, irritado, ao ser questionado sobre a crise causada pelas queimadas. "Há uma grande articulação de partidos de esquerda que passam pelas ONGs, vão a Europa e que tenta desgastar o governo brasileiro."

Apesar de não ser da área, o ministro da Educação, Abraham Weintraub, foi ao Twitter para dizer que a crise amazônica é falsa e causada pelo lobby de agricultores europeus. "Isso, combinado com ONGs de esquerda e 'artistas', revoltados com o fim da mamata", escreveu.

Assessor do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), o ex-comandante do Exército, General Eduardo Villas-Boas, disse que o presidente francês, Emmanuel Macron, realizava "ataques diretos à soberania brasileira, que incluiu, objetivamente, ameaças de emprego do poder militar".

Em um tuíte o presidente francês disse que "nossa casa está queimando", referindo-se a Amazônia, e convocou os países do G7 a discutirem medidas sobre as queimadas.

O secretário de Comunicação da Presidência, Fábio Wajngarten, foi outro que usou as redes sociais para atacar os europeus. Em um texto, afirmou que a Amazônia pertence ao Brasil e que ninguém preserva mais que o Brasil.

Na sequência acusou os europeus de terem problemas "políticos, sociais, de segurança e ambientais". "Cada qual deve cuidar do seu quintal. Nós estamos cuidando no nosso", afirmou.

Na véspera, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente e indicado a ser embaixador nos Estados Unidos, postou um vídeo de terceiros em que o presidente francês era chamado de idiota.

(Reportagem de Lisandra Paraguassu; Edição de Alexandre Caverni)