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Dólar supera R$4,18 e renova máxima em quase um ano após fala de Campos Neto

27/08/2019 12h59

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar acelerava a alta contra o real nesta terça-feira, superando 4,18 reais pela primeira vez desde setembro de 2018, com as compras ganhando força após o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, dizer que a recente desvalorização da taxa de câmbio está dentro do padrão normal.

"O real nos últimos dias tem tido desvalorização um pouquinho acima, mas está bem dentro do padrão normal", disse ele em audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado Federal.

Para analistas, a fala de Campos Neto sinaliza que o BC pode não atuar de forma adicional para conter a depreciação do real.

"Ele (Roberto Campos Neto) fez o mercado piorar com isso", disse um gestor.

Nos últimos dias, cresceu o coro de analistas questionando a postura conservadora do BC no câmbio, percepção que segundo operadores tem dando mais força ao dólar, cuja razão primeira tem sido a incerteza externa.

O dólar estava cotado a 4,1596 reais na venda antes da fala de Campos Neto e no mesmo minuto saltou para 4,1715 reais, alcançando uma máxima de 4,1830 reais na venda. Na compra, a máxima foi de 4,1818 reais, maior nível intradia desde 17 de setembro de 2018 (4,2033 reais na compra).

Às 12h41, a cotação no mercado à vista subia 0,88%, a 4,1771 reais na venda.

O dólar salta 9,4% ante o real em agosto, a caminho da maior valorização mensal desde julho de 2015, quando disparou 10,16%.

"O real está se aproximando de seu próprio ponto de quebra. Esperamos altas para acima das máximas recentes, o que abriria espaço para uma aceleração (da valorização) a partir de agora", disse Mark Newton, analista técnico da Newton Advisors.

O recorde de fechamento do Plano Real foi de 4,1957 reais na venda, marcado em 13 de setembro de 2018.

O dólar tem sido usado como hedge por agentes de mercado após o diferencial de juros entre o Brasil e o mundo cair a mínimas recordes. Com isso, o custo de se manter comprado na divisa diminuiu.

Além de incertezas sobre a guerra comercial no exterior e os mais recentes ruídos do lado político local, analistas têm aguardado sinais do BC sobre rolagens de 3,8 bilhões de dólares em linhas com compromisso de recompra, recursos que devem deixar o mercado no começo de setembro.

(Por José de Castro)