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Philip Morris negocia fusão com Altria; foco são cigarros eletrônicos

Cigarro eletrônico - Thinkstock
Cigarro eletrônico Imagem: Thinkstock

Por Uday Sampath Kumar

27/08/2019 16h48

A Philip Morris International e a Altria estão discutindo uma fusão, potencialmente reunindo duas das maiores empresas de tabaco do mundo, numa tentativa de dominar o mercado de cigarros eletrônicos que está em rápido crescimento.

As ações da Altria, desmembrada da Philip Morris há mais de uma década, chegaram a subir 11,3%, mas depois mudaram de sinal e passaram a recuar 4,1%, após a CNBC informar que o acordo não tinha prêmio. As ações da Philip Morris cediam 7,5%, conforme alguns analistas questionaram a lógica do acordo, que reuniria os dois donos da marca de cigarros Marlboro.

Uma fusão das duas criaria uma empresa com valor de mercado superior a US$ 200 bilhões, representando o quarto maior negócio de todos os tempos, segundo dados da Refinitiv.

Analistas e investidores há muito especulam que as empresas se fundiriam, dada a crescente pressão sobre as vendas de cigarros e a necessidade de investir em mais fontes de receita. A Philip Morris desenvolveu um produto de tabaco aquecido chamado iQOS. A Altria, que opera nos EUA, possui uma participação de 35% na Juul Labs.

Os volumes de vendas de cigarros no setor caíram 4,5% em uma base ajustada em 2018, de acordo com analistas da Cowen. Por outro lado, o mercado de cigarros eletrônicos valia cerca de 11 bilhões de dólares em 2018 e deve crescer mais de 8% ao ano nos próximos cinco anos, segundo a Mordor Intelligence.

Em abril, a Philip Morris obteve aval da Food and Drug Administration (FDA) dos EUA para vender o iQOS no país, uma grande vitória para uma empresa que procura ir além dos cigarros tradicionais.

"Com as perturbações enfrentadas pelo mundo do tabaco, podemos ver algum mérito em uma nova fusão", disse Callum Elliott, analista da Bernstein, em nota.

Os dispositivos iQOS aquecem palitos cheios de tabaco embrulhados em papel, gerando um aerossol que contém nicotina. Eles são diferentes dos cigarros eletrônicos, como o popular dispositivo Juul, que vaporiza um líquido cheio de nicotina.

A Altria já pode comercializar iQOS nos Estados Unidos sob um contrato de licenciamento, que inclui pagamentos de royalties à Philip Morris. Ao mesmo tempo, a Altria poderia potencialmente explorar a presença global da Philip Morris para ajudar na expansão internacional do Juul.

A Philip Morris tem uma receita anual de quase US$ 30 bilhões, enquanto a Altria faturou cerca de US$ 20 bilhões no ano passado. As empresas disseram que não há garantia de que um acordo será alcançado.

Qualquer acordo precisaria ser aprovado pelos respectivos conselhos e acionistas das empresas.